terça-feira, 27 de agosto de 2013

SÍRIA: ESTÃO ESPERANDO O QUÊ?

Não posso começar a falar da postura dos Estados Unidos com relação à crise que afeta Síria sem ceder algumas linhas desse texto a uma breve volta a 2003. Mais especificamente a noite de 17 de março, dia em que George W. Bush deu um ultimato de 48 horas para que Saddam Hussein deixasse o Iraque, sob a pena de uma pesada intervenção militar para capturá-lo.

A acusação estadunidense contra Saddam naquela ocasião era sobre a existência de supostas armas químicas no Iraque, algo que segundo o então presidente americano, colocava o mundo em risco. Ninguém queria a Guerra (relembre no vídeo no final dessa publicação). Eu só tinha dez anos na época, mas lembro-me nitidamente de como tudo e todos eram contrários.
Momento em que a estátua de Saddam
Hussein foi derrubada.
Foto: Jerome Delay/AP

Bush não ouviu nenhuma opinião inversa à dele, inclusive o Conselho de Segurança da ONU. Invadiu e gerou uma guerra que até hoje matou 174 mil pessoas (122 mil civis) , segundo o Iraq Body Count (IBC), um grupo de voluntários dos Estados Unidos e Reino Unido que contabiliza as mortes da intervenção militar. As tais armas químicas não mataram ninguém, pois nunca foram encontradas. Saddam Hussein foi morto e o petróleo iraquiano foi desnacionalizado.

Então avançamos na história e chegamos à Síria: a crise que se instalou em março de 2011, com o levante contra o ditador Bashar al-Assad - há treze anos no poder -, já matou até agora 100 mil pessoas, segundo a ONU.

Já são 1,7 milhão de pessoas que fugiram para os países vizinhos, muitas vezes largando suas famílias para trás. Segundo o próprio site da ONU, “a estimativa é que 6,8 milhões de pessoas necessitem de assistência humanitária urgente – incluindo 3,1 milhões de crianças”. Segundo a Comissão Econômica e Social para a Ásia Ocidental, 1,2 milhão de famílias tiveram suas casas atingidas.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, “57% dos hospitais públicos foram danificados ou destruídos e 37% estão fechados”, afirma o site da ONU.


 
O ápice de todo esse desatino foi a madrugada da quarta-feira (21), quando o governo sírio lançou armas químicas contra uma região tomada pelos opositores (que também não são santos). Os números não são exatos, mas estimam que mil pessoas tenham morrido instantaneamente.

Há cerca de um ano o próprio presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou que caso a ditadura síria utilizasse armas químicas, existiria uma reação militar. Nesta segunda-feira (26), o secretário de estado americano, John Kerry, afirmou que o ataque foi “real e convincente”.

A reação militar é iminente. O presidente da França, François Hollande, afirmou que seu país está pronto. O primeiro ministro britânico, David Cameron, convocou o parlamento que estava em férias para uma reunião de emergência nessa quinta-feira (29). Nos Estados Unidos, as Forças Armadas já se colocam como prontas, a espera apenas do aval de Obama. A imprensa americana já prepara a população, que até então é contraria, para a intervenção militar. Israel, grande parceiro dos americanos, já se prepara para uma retaliação da ditadura síria.


Os próximos dias são decisivos para sabermos como tudo irá acontecer. Especula-se que seja apenas uma reação breve, para desestabilizar o governo sírio e fortalecer os rebeldes opositores. A questão é que já tem grupos terroristas como a Al Qaeda se aproximando dos opositores nos bastidores.


O ocidente deixou crescer um tumor que agora para ser resolvido exigirá ações precisas e urgentes. Mas, assim como não faltou disposição para contrariar o mundo e invadir o Iraque em busca de petróleo sob o pretexto de um possível uso de armas químicas, não podem fugir agora que armas químicas estão sendo utilizadas contra o povo sírio. A intervenção é para ontem, não dá mais para esperar.

Vídeo – Relembre como foi a invasão americana ao Iraque

terça-feira, 2 de julho de 2013

QUAL O TAMANHO DO GIGANTE QUE ACORDOU?


Antes de tudo: Estou orgulhoso de escrever sobre um novo começo para o Brasil. A população conseguiu algo de uma dimensão que ainda não temos a proporção exata, mas que é do tamanho do gigante que acordou. Aliás, qual o tamanho do gigante que acordou? Quase não temos essa dimensão, pois tudo aconteceu tão rápido que as noticias, e até mesmo a forma que a imprensa lhes transmitia, mudavam de um dia para o outro. 

Muita coisa aconteceu nas últimas semanas, e para que se possa olhar para o futuro creio que seja importante fazê-lo olhando a força e a importância do que a população vem conseguindo, mas que não tem o merecido destaque por conta da velocidade dos acontecimentos. E para termos dimensão desse momento, creio que os muitos fatores vividos nos últimos dias precisam ser abordados não separadamente, mas em conjunto. Aposto que esses protestos muito em breve renderão livros, mas tentarei responder a pergunta que intitula essa coluna em um texto (sim, hoje o texto será maior que o habitual, espero fazer a leitura valer a pena). Desde já peço desculpas por itens que eu venha a esquecer. Fiquem a vontade para usar a caixa de comentários para acrescentar, o intuito dela é esse. 

Esse momento representa uma virada de página sem precedentes quando olhamos quantas coisas ficaram para trás, sendo uma delas muito clara: A troca de status que estava em um dos cartazes que dizia "Saímos de Deitado eternamente em berço esplêndido para Verás que um filho teu não foge à luta". Mas essa mudança não veio do nada, ela possui algumas origens. A principio destaco três fatores que destrincharei em seguida: 

Primeiramente o fato de não se aceitar passivamente mudanças absurdas no valor das passagens no transporte público. Seguido disso, a sagacidade de aproveitar o momento excelente propiciado pela Copa das Confederações. E por fim, o uso correto das redes sociais, não no intuito de protestar, mas ao propagar informações como o bom uso do vinagre, por exemplo, e convocar mais gente. Somado a esse bom uso das redes sociais, o fato da voz que saiu da internet dobrar a língua da grande mídia que falou muita bobagem no começo, através de senhores como Arnaldo Jabor, por exemplo.

O combate ao aumento passagens de ônibus foi um belo estopim para mostrar a força do que estava acontecendo. Fazendo uma breve retrospectiva, vale lembrar que a origem disso tudo foi a "Revolta do Buzu", ocorrida em Salvador no ano de 2003. Ela serviu de inspiração para a criação do Movimento Passe Livre (MPL) em Porto Alegre, em 2005. Por falar na capital gaúcha, foi lá que tudo começou, ainda no mês de março, com o aumento das passagens que foi revogado após muita pressão popular e que deve ter uma nova baixa ainda nessa semana. 

Pedindo paz, manifestantes de São Paulo oferecem
flores aos policiais. (Foto: Rodrigo Soares/Brasil de Fato)
Voltando a São Paulo, as manifestações pós-aumento da passagem foram um ótimo estopim para o que o país vive hoje, pois foi lá que os políticos tiveram que ceder pela primeira vez, após o governador Geraldo Alckmin ter menosprezado os protestos dizendo que era um "grupo pequeno". Talvez até fosse, mas a ação dele ao colocar a Polícia de Choque reprimindo ações pacíficas gerou o efeito inverso. As bombas de gás lacrimogênio, o spray de pimenta e as balas de borracha do governo paulista não dispersaram os cidadãos paulistanos, mas convergiram a população brasileira.

Alguns protestos no país se solidarizavam com os manifestantes de São Paulo, mas para mim quem consolidou esse momento de 'Somos contrários a tudo que está imposto' foi a cidade de Brasília ao meio-dia de 15 de junho, poucas horas antes da estreia do Brasil na Copa das Confederações, num claro manifesto contra o evento, indo além da solidariedade a São Paulo. Lembro-me que naquele momento as emissoras afiliadas à Globo exibiam suas programações locais, que foram interrompidas em todo país para transmitir o protesto. 

Aquele instante mostrou para todos (não apenas para quem tem facebook) que os protestos não eram apenas pela passagem em São Paulo, mas que iam contra ações corruptas como a construção do bilionário e inútil Estádio Nacional de Brasilia, feito para uma cidade sem grandes clubes e que ficará deserto após a Copa do Mundo. Além disso, como os manifestantes deixavam os torcedores entrarem tranquilamente, o país entendeu que tudo poderia ocorrer pacificamente. O resultado foi cerca de 270.150 pessoas na rua na segunda-feira seguinte, segundo apuração do portal G1 com base em dados oficiais (ou seja, deve ter tido mais gente).

Foto: Lucas Coutinho
E por falar em Copa das Confederações, vi pessoas nas redes sociais nos últimos dias, e especialmente durante a final, criticando aqueles que se manifestaram e assistiram aos jogos, como se uma coisa invalidasse a outra. Creio que estabelecer essa relação seja um erro. Na minha visão o gigante não apenas acordou como amadureceu, por não apenas por ter criticado os eventos Fifa em seus protestos, como também ao colocar aquilo em completo segundo plano. O futebol deixou de ser um motivo de distração popular. Exemplos que provam isso são muitos:

Logo na estreia a presidenta Dilma Rousseff e o presidente da Fifa, Joseph Blatter, tomaram uma vaia do tamanho da roubalheira da entidade que manda no futebol mundial. Graças a isso, ela ficou assistindo a decisão pela TV e não se aproveitou politicamente, por exemplo, ao entregar a taça à Seleção Brasileira. Além disso, Ronaldo virou chacota nacional após ressuscitarem aquele vídeo em que ele fala que não se faz Copa do Mundo com hospital. Pelé foi destronado. Como dizia um cartaz que vi, de "Rei do futebol virou Bobo da Corte". O foco se desviou de forma tamanha que teve até jogo que a Globo deixou de transmitir para passar as manifestações. Por fim,  na cerimônia de encerramento uma corajosa faixa contra a privatização do Maracanã. A Copa das Confederações seria destaque durante quinze dias, mas foi por apenas 90 minutos. Quer mais que isso?

Junto com os cartazes contra os eventos da Fifa, vieram outros, de diversos movimentos e pessoas que iam sem fazer parte de nenhum deles, criticando a corrupção no país e pedindo educação, saúde, segurança pública, queda da PEC 37 e do Ato Médico, saída de Marco Feliciano e Renan Calheiros. 'Mas não há foco, pedem muitas coisas!', dizem os críticos. Penso eu: Que ótimo! Isso significa que a sociedade de fato está envolvida, não é um grupo especifico, mas um coletivo que traz diversos interesses que podem melhorar o país. Além de quê, se existem muitos fatores citados isso significa que temos muitos problemas, vivemos uma desigualdade social enorme. O "X" da questão não é a quantidade de problemas apontados, é encontrar a solução deles.

A tentativa da polícia paulista de impedir os manifestantes
de se protegerem dos efeitos do gás lacrimogênio com
vinagre virou piada na internet.
Conscientes disso ainda argumentaram: 'Ah, mas eles não tem líderes!' E eu pergunto: Líderes para quê? Politizarem os atos e derrubarem o apartidarismo que foi conquistado após muitos gritos de "Sem partido!" nas manifestações? Aliás, nesse momento algum líder é capaz de segurar as demandas do país inteiro nas costas? A política arcaica está desesperada pois vê que um dia o poder escapará completamente, pois quem mandará por completo será a população. Presidentes, senadores, deputados e companhia serão o que sempre deveriam ter sido: Representantes! Funcionários da população e subservientes aos desejos dela. O que sempre chamaram de utopia agora já é uma considerável possibilidade.

POLÍCIA, IMPRENSA E POLÍTICOS: O MEDO MUDOU DE LADO

Algo mudou, ou pelo menos começou a mudar, com relação a ação policial em protestos. As duas imagens abaixo são as capas do jornal The New York Times, a publicação mais importante do mundo, e são um claro retrato disso. Na primeira imagem, a artista plástica e poeta Liv Oliveira, 23 anos, é atacada, no Rio de Janeiro, por um terrorista fardado que lhe jogou spray de pimenta como se jogasse baygon numa barata. Na segunda, o juiz aposentado Silvio Mota, 63 anos, discute com os policiais após sua esposa ser afetada com os efeitos de bombas de gás lacrimogênio no entorno do estádio Castelão, em Fortaleza, em dia de jogo do Brasil. Aos policiais, que se escondem dele na imagem, Silvio disse "Sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor".


Apesar de claramente a prepotência policial não ter mudado por completo de uma hora para outra, até por eles serem mal treinados e remunerados, a grosseria diminuiu. Já vimos até policiais recomendarem em megafones que manifestantes se afastassem de vândalos. Para quem tratou os dois da mesma forma já é um avanço. O que continua na mesma é o tratamento criminoso que vem sendo dado aos mais pobres, independente de quem é honesto e quem é bandido.


Uma imagem que não pode ser esquecida: em meio aos
manifestantes,  um carro oficial do Governo da Bahia atirou
para o alto.  Não se pode esquecer também, inclusive nas
urnas, como  o governo baiano agiu de modo que lembrava a
ditadura, com policias trabalhando sem identificação,
manifestantes  sendo ameaçados após registarem os erros
da PM e até mesmo  profissionais de imprensa sendo atingidos
por balas  de borracha até sendo presos por questionarem
atitudes erradas da polícia militar.
No dia 24 de junho, uma segunda-feira, sob o pretexto de aquelas pessoas realizavam arrastões, dez moradores do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, foram mortos por polícias do Bope. Dizem que três eram inocentes, mas não importa quem é quem. O que vale é que o gás lacrimogênio que ardeu meu olho ou as balas de borracha que atingiram outras pessoas que estavam nas manifestações, por acertarem gente de classe média não podem ofuscar quem levou tiro de arma de fogo por ser pobre. A polícia tem que mudar de atitude com todos. Os protestos daqui para frente precisam brigar por isso também.

A imprensa também mudou de postura. Se no principio tudo resumia a telejornais dando pouco destaque, ao falar principalmente dos vândalos e não citar a maioria pacifica e suas causa. Agora o discurso mudou e o JN repete cansativamente "O protesto seguia pacífico quando alguns poucos vândalos mancharam o que acontecia ali". O que mais me surpreendeu foi o Globo Repórter sair de seu ping-pong entre a savana africana e os alimentos que fazem bem à saúde para fazer um ótimo programa sobre os protestos. Me chamou atenção também alguns programas policiais, que habitualmente são sensacionalistas para conquistar a audiência de pessoas com menos instrução, fazerem boas coberturas e análises, o que prova que quando querem podem  sim fazer algo popular sem sensacionalismo.

A nota triste fica por conta dos carros de reportagem queimados em algumas cidades, e do que aconteceu com profissionais como Caco Barcellos, reconhecido por ser defensor dos direitos humanos e denunciar abusos da policia no livro Rota 66, e foi expulso de uma manifestação. Ainda é preciso entender que mesmo que algumas empresas de comunicação tenham condutas reprováveis, deve-se aproveitar quando elas lhe dão o microfone e lhe propiciam a possibilidade de outras pessoas se identificarem com sua causa. 

Foto: ABr
Mas sem dúvida quem mais está com medo são os políticos, especialmente aqueles que estão no poder. A emblemática imagem de 17 de junho, quando os manifestantes subiram no teto do Congresso Nacional está se transformando em realidade na prática, o que acontece ali está começando a ser ao nossa favor. A PEC-37 caiu e várias outras votações serão feitas unicamente porque o povo despertou. Os políticos estão com muito medo de perderem o poder para a nova política que surge. Até mesmo figuras controversissímas (acabo de inventar uma palavra) como o senador Renan Calheiros vem mantendo uma postura de quem está atento ao que acontece e tenta demonstrar atitudes. Ele prometeu recentemente que diversos projetos  que foram citados pela população serão votados nessa e na próxima semana.

Além do Congresso Nacional, os olhos do país estão voltados principalmente ao que faz e fará a presidenta Dilma, que nunca é demais lembrar: Demorou muito para se pronunciar e não foi convincente em nenhuma das vezes que se dirigiu ao país. Em uma delas, durante reunião com os governadores, saiu até com uma proposta maluca de constituinte exclusiva reforma politica, o que é inconstitucional. 


No seu pronunciamento em cadeia de rádio e TV em 21 de junho, dia seguinte aos protestos colocarem mais de um milhão de brasileiros na rua, Dilma parecia insegura ir se balançar durante os dez minutos em que falou ao país. Dias antes, em outro sinal de insegurança, ela já havia saído de Brasilia para ouvir seu mentor, o ex-presidente Lula, que atualmente está na Etiópia. Na reunião com os governadores, ela propôs um pacto com à nação baseado em cinco itens:

O primeiro foi com relação à Responsabilidade Fiscal, onde assegura que os governos e prefeituras tomarão cuidados para garantir a estabilidade econômica do país e controle da inflação. Isso é tão obrigatório que nem deveria ter entrado, vai ver ela quis arredondar. Seguiu com um pacto sobre o transporte público, com investimentos de R$ 50 bilhões que podem ser utilizados pelas prefeituras e governos nas obras de mobilidade, que por sua vez ainda são as mesmas que já haviam sido prometidas para a Copa do Mundo. 

Dilma propôs também a contratação de médicos estrangeiros, mas assegurando a prioridade aos brasileiros, além do aumento de vagas nos cursos de medicina.  Um outro pacto foi relacionado a educação, propondo destinar a esse setor os 100% dos royalties do petróleo (dinheiro que ainda vai demorar muito para sair). A proposta da população de garantir 10% do PIB para a educação não entrou. Reparem que saúde e educação ficam sem nenhum projeto que pelo menos amenize de modo imediato o caos que vivem, como se fossem setores que pudessem esperar.

O item que deixei pro final ganhou um novo capitulo hoje, dia 2. A presidenta mandou uma mensagem para o congresso sugerindo que o plebiscito de reforma politica, proposto por ela, tenha os itens abaixo para a análise da população:

Imagem: TV Senado
Sinceramente? Não vejo nada aí que não possa ser votado de imediato no Congresso Nacional. O plebiscito só pode ser votado a partir de 8 de setembro, segundo o Superior Tribunal Eleitoral. Isso significa que após a aprovação da população não haverá tempo de senadores e deputados  aprovarem tudo antes de outubro. O que isso significa? Tudo só entraria em vigor nas eleições municipais de 2016, pois as mudanças feitas para uma eleição só valem se criadas um ano antes do pleito. O que for votado por eles poderia ser aprovado ou não pela população num referendo junto com as eleições do ano que vem, o que evitaria o gasto de R$ 560 milhões com os custos de um plebiscito ou referendo.

E aqui concluo meu texto (obrigado a você que leu até aqui, eu sei que escrevi muito): Além das passagens de ônibus que abaixaram, ainda não existem mudanças que influenciem diretamente em nossas vidas. Aproveitemos o espirito de liberdade trazido pelo Dois de Julho, e continuemos nas ruas. Apesar das mudanças de atitude que quem ainda tem o "poder formal" em mãos, os desejos que mudam o rumo do país ainda não foram alcançados. 

Por tudo que citei nesse texto, não tenho dúvida de que se os protestos se fortalecerem novamente, assim como estavam no final de junho, certamente teremos um país novo. Quando falamos que "O Gigante Acordou" não mentimos em nenhum centímetro, mas esse gigante precisa continuar olhos abertos, sem bocejos e focado num futuro que ele está muito perto de alcançar. #OGigantePodeCrescer

                           

quarta-feira, 19 de junho de 2013

VONTADE DE FAZER HISTÓRIA


As canetas delineiam as letras no caderno, enquanto a professora anota no quadro algumas das revoluções brasileiras mais recentes. Ela pára de escrever e começa a falar sobre cada uma delas, analisando motivos e descrevendo situações.

“Então, os jovens foram às ruas, com os rostos pintados de verde e amarelo, e pediram o impeachment do presidente”, conta a professora. “Depois dos protestos dos ‘caras pintadas’ e da pressão da mídia, o então presidente, Fernando Collor saiu do poder”, finaliza.

Olhos brilhando, os estudantes guardam na memória a imagem dos jovens revolucionários de caras pintadas, bem como o sentimento de admiração pelos mesmos. A aula de História termina, eles colocam os cadernos em suas mochilas e voltam para suas casas.

Prosseguem com suas vidas, cada vez mais imersos em tecnologia, no consumismo, no comodismo. São obrigados a ouvir críticas sobre sua geração acomodada, que perdeu o sentimento revolucionário dos caras pintadas e a coragem dos militantes da ditadura.

Convivem menos com seus amigos, a medida que vão se conectando mais aos mesmos, e tantos outros, através das redes sociais. É através dela também que eles fazem suas reivindicações e criticam o sistema, sem sair de frente da tela do computador.

É, então, que a oportunidade surge. Saem de frente das telas e ganham as ruas. E, apesar de um início marcado por intensa repressão policial, demonstram a coragem e com o sentimento revolucionário desenvolvem um movimento que ganha cada vez mais adeptos.

Começa em São Paulo, se espalha pelo Brasil e, de repente, o mundo todo adere ao movimento. Em sua maioria, afirma que não é por causa dos 20 centavos, motivo que a princípio teria incentivado as manifestações.

Dizem que é pela má qualidade do transporte público, da saúde, da educação, contra os políticos corruptos e os investimentos nas Copas do Mundo e das Confederações, enquanto há tanto para se melhorar no país. Outros, poucos, estão pela baderna e degradação. Alguns, para poder erguer a bandeira de seus partidos políticos. E tem também aqueles que desejam apenas aparecer na mídia.

Mas, grande parte deles é formada por pessoas com vontade de fazer parte da história do seu país. Jovens cansados das críticas feitas à sua geração e desiludidos com a política na nação. Eles querem, sim, que o Brasil melhore e junto com ele melhore a qualidade de vida dos cidadãos. Porém, inspirados no que aprenderam na escola, alguns já se darão por satisfeitos em saber que participaram de um evento histórico.

Independente do motivo que os levou às ruas, o importante mesmo é que a emocionante mobilização não se torne apenas um fato histórico, isolado no tempo, e, sim, que os manifestantes aproveitem esse despertar para a realidade e tragam seus ideais revolucionários para o seu dia-a-dia.

Afinal, não adianta escrever discursos bonitos no Facebook, sair às ruas em protesto, participar de um momento histórico, se, no seu cotidiano, apenas age de acordo com o sistema, exercendo seu individualismo e consumismo exacerbado, mais preocupado em divulgar suas boas ações no Instagram do que propriamente com nas ações em si.  


segunda-feira, 10 de junho de 2013

COPA DAS CONFEDERAÇÕES: CURTA DE OLHOS ABERTOS!


Nesse sábado começa um dos grandes eventos que nosso país sediará nos próximos anos. Em seis cidades, após bilhões gastos, jogarão seleções representando seis continentes, a atual campeã do mundo, Espanha, e o Brasil como país sede. E por falar na seleção, como ela se sairá? Conversemos sobre o evento e o time de Felipão!

Há algum tempo tornou-se sendo uma constante criticar a realização das Copas do Mundo e das Confederações, além dos Jogos Olímpicos, aqui no Brasil, sem olhar para alguns aspectos. Concordo que diante de tantas coisas que o país carece, como saúde, segurança e educação. de fato é um absurdo o que é gasto. Mas certa vez ouvi uma coisa que me chamou atenção, que concordo e compartilho com vocês:

Se não tivéssemos a Copa do Mundo, educação, saúde, segurança pública, continuariam esquecidas e sem investimento. Para políticos, donos de construtoras e companhia, construir um posto de saúde, por exemplo, não trás retorno. Já nos estádios, que os consórcios entre construtoras irão administrar durante anos, os lucros são enormes.

Sem esses eventos, certamente esse dinheiro seria direcionado a outras coisas que não são de interesse público. Com a Copa do Mundo pelo menos o planeta vai olhar pro Brasil, podendo gerar futuros benefícios, além de que será um atrativo para a população. Atrativo segregador é verdade, bem ou mal todo mundo vai curtir. 

Diante dos problemas do país, o ponto chave não é simplesmente culpar a copa, e sim fazer sua parte visando uma mudança de mentalidade da população. Isto sim é emergente, pois gerará cobranças e uma classe política de verdade. Tendo essa mudança de mentalidade popular, o Brasil verá grandes eventos como a Copa e também escolas, hospitais e segurança.

Enfim, o que quero dizer é que não vale a pena deixarmos de aproveitar, da maneira que pudermos, esse momento que não teremos de volta tão cedo. Não fechemos os olhos para os abusos e absurdos que esse evento impõe, mas já que terá de impor, uma vez que o Governo Lula assinou tudo que a Fifa pediu, não deixemos de nos indignar com os transtornos, mas vamos aproveitar os bons frutos que eles trouxerem! Vamos curtir, de olhos abertos!

A SELEÇÃO

O time do Brasil apresentou uma evolução clara, mas poderia estar bem melhor, na minha opinião. Me parece que as cabeças duras de Scolari e Parreira juntas começam a fazer estragos. Em 180 minutos de testes contra Inglaterra e França, vimos até o zagueiro David Luiz atuando improvisado como volante, mas o que todo mundo pediu e até gerou vaias no jogo do Maracanã ninguém viu. Foram zero minutos de Oscar e Lucas juntos no meio campo.

Lembram da olimpíada? Foi exatamente a mesma situação, e Dunga com sua teimosia eterna só entrava com um deles, dava certo porque as seleções eram fracas, até que na final contra o México ficamos com uma prata. Agora nem um mísero teste com os dois juntos. Formou-se um time que até evoluiu, mas se retranca em alguns momentos por ter um meio falho que não arma bem as jogadas. A diferença é que dessa vez o Brasil enfrenta o Japão que pode dificultar na estreia, o México que sempre foi uma pedra na chuteira, além da Itália que é sempre um clássico onde tudo pode acontecer.

Ainda restam quatro dias antes da estreia, dá tempo de testar nos treinos. Hulk vem se provando um fracasso total, merece banco. Neymar está apagado, mas é craque e confio que será decisivo na hora certa. Fred para mim vem sendo um boa surpresa, inclusive quando voltou para buscar a bola contra França, mandou muito bem. Na defesa ainda tenho minhas dúvidas com relação a Marcelo, acho ele meio esquentado, tenho medo de um novo Felipe Melo num momento em que controle emocional, por jogarmos em casa, deve ser redobrado. Júlio Cesar também não curto, mas goleiro é posição de confiança do treinador, se Felipão acredita, é ele. 

No desejo de muita sorte para a Seleção Brasileira, compartilho a seleção que acho que o Brasil deveria jogar, mas mantendo Júlio Cesar e Marcelo porque pelo visto eles são peças imutáveis de Scolari.





quinta-feira, 6 de junho de 2013

SALVADOR SOFRE COM A FALTA DE LIXEIRAS PÚBLICAS



No final de maio, o apresentador do programa “Agora é Tarde”, Danilo Gentili, em entrevista com o grupo mexicano Maná, questionou os músicos sobre qual a maior referência musical do Brasil para cada um deles. Sem hesitar, os integrantes da banda lembraram do Olodum e ainda manifestaram o interesse em conhecer Salvador. Diante a curiosidade dos músicos em visitar a capital baiana, Danilo replicou: "Vou dar um conselho a vocês, quando forem à Bahia, usem prendedor no nariz para não sentir o cheiro de urina".

Apesar do comentário machucar o ego dos soteropolitanos, Gentili não mentiu em sua declaração. Pior é que o cheiro forte de urina percebido pelo comediante não é o único problema social e administrativo carente de solução imediata na cidade. E o que dizer da falta de lixeiras públicas?

Há alguns dias decidi pedalar no bairro onde eu moro, Boca do Rio, até Itapuã. Na volta a corrente da bicicleta quebrou. Parei em uma lanchonete, comprei uma garrafa de água e caminhei, bebi e quando procurei uma lixeira pública, cadê que eu achei? Então decidi contar quantas lixeiras encontraria no caminho de volta para casa. Encontrei oito, quatro delas no mesmo lugar, na praia de Patamares, também não poderia ser diferente, a praia é bem visitada por turistas, surfistas e a classe média alta. É bom lembrar que a distância percorrida entre os dois bairros foi de 14,24 km.

Salvador, como a grande maioria dos centros urbanos, não dispõe de lixeiras públicas compatíveis a quantidade de lixo produzido por quem vive aqui. A maioria é encontrada no centro da cidade, pontos turísticos, praças centrais e bairros nobres. Esse problema é bem curioso, porque a instalação, a manutenção de lixeiras públicas e a reciclagem seletiva em praças e instituições de bairros carentes são um dos passos básicos da educação ambiental, tão lembrada nas três últimas eleições para prefeito. O resultado disso é a poluição visual, da água e do solo, cidade suja, bueiros entupidos, atração de insetos e roedores transmissores de doenças.

Se alguém me falar que esse não é um problema apenas do poder público, eu vou concordar e lembrar que muita gente culpa as autoridades, mas esquece que todos nós produzimos lixo e por isso somos responsáveis pelos cuidados que amenizem as más consequências. Porém eu tenho que lembrar que a auto-estima da população depende do empenho da prefeitura, boa distribuição de lixeiras pelas ruas, organização e mobilização dos recicladores profissionais, tudo isso conta muito.

Segundo levantamento feito pelo Ministério das Cidades em 306 municípios que representam 55% da população urbana do Brasil, apenas 53,8% da verba destinada chega a essas cidades. Para onde vai quase metade desse valor?

A questão das lixeiras faz parte do mobiliário urbano que é o braço direito do Plano Diretor (instrumento básico que orienta a política de desenvolvimento e de ordenamento da expansão urbana do município), a não aprovação dessa lei até hoje atrasa a definição de novas regras como, por exemplo, a implantação, padronização e os cuidados com as lixeiras.

Cada prefeitura deve ter, e cumprir, seu plano de tratamento de resíduos; garantir o atendimento das necessidades e uma melhor qualidade de vida na cidade; preservar e restaurar os sistemas ambientais e consolidar os princípios da reforma urbana, o que não está acontecendo em Salvador. Não foi à toa que ficou em último lugar, entre as capitais brasileiras, quanto a coleta de lixo público, são em média 1200 Kg recolhido a cada mês.  E eu nem peço tanto, só um lixeira pública em cada rua, avenida, alameda, jardim, logradouro, praça, quadra ou travessa, que é o mínimo indicado.

A busca de uma cidade sustentável, que atenda não só a atual, mas às gerações futuras, passa pela destinação correta do lixo produzido pelos habitantes. Já que a administração pública local não cumpre devidamente o seu papel, a população deve fazer a sua parte e um pouco mais. Cada garrafa plástica, papel de bala, embalagem que uma pessoa não joga no chão já faz muita diferença. Não basta só ter consciência ambiental, é preciso também ter ação consciente e solidária. Infelizmente nessa cidade ser cidadão esbarra na falta de estrutura.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

O HOMEM QUE DESAFIOU TANQUES DE GUERRA


Há 24 anos, em 05 de Junho de 1989, um homem proporcionou uma das imagens mais marcantes da história da humanidade. O fato ocorreu na China e seu anonimato fez com que ele ficasse conhecido como o “Rebelde Desconhecido”.  Esse ato de coragem, que virou símbolo na luta pela paz, se torna ainda mais extraordinário quando conhecermos o contexto no qual ele ocorreu.

Essa imagem histórica é o desfecho de um momento trágico. Iniciou-se no mês de abril daquele mesmo ano, um movimento formado principalmente por estudantes, trabalhadores e intelectuais chineses. Eles se uniram após a morte de um dirigente comunista que concordava com a necessidade de reformas no governo chinês (ditadura comunista).  Eles passaram a protestar contra a corrupção do governo e pediam a abertura econômica e política do país, de modo semelhante à antiga União Soviética.

Foto: Associated Press
E foi justamente a União Soviética que fez o mundo voltar seus olhos à Praça da Paz Celestial, a mesma onde o homem desafiaria os tanques. No período do protesto, o presidente soviético, Mikhail Gorbachev, visitou a China, algo que já era programado algum tempo antes. Veículos de imprensa internacionais acompanharam Gorbachev e se surpreenderam com os protestos na praça. Quando ele foi embora da China, diante da proporção que o protesto já tinha tomado, a imprensa ficou.

Poucos dias depois o governo comunista declarou a Lei Marcial, o que significava suspensão de todos os direitos da população, como a possibilidade de se reunir e o simples ato de ir e vir. Ainda assim o movimento continuava firme, centenas de milhares já tomavam a praça, fazendo surgir até mesmo um monumento parecido com a Estátua da Liberdade.

O caminho para o desfecho aconteceu quando o governo chamou tropas do exército que estavam no norte do país, trazendo para a Praça da “Paz Celestial” pessoas que não tinham nenhum vínculo ou sequer sabiam de fato o que os manifestantes desejavam. O resultado foi um massacre onde milhares foram mortos e feridos por militares na noite de 4 de junho.

Então, voltamos ao homem que motivou este texto. Na manhã do dia 5, tanques passavam pela Praça da Paz Celestial quando surge nosso “Rebelde Desconhecido”. O vídeo abaixo, com direito a subida no tanque de guerra, vale mais que mil palavras.




Como já disse, sua identidade permanece desconhecida até hoje. Seu destino é incerto, no vídeo ele é levado por dois homens, não se sabe se eram outros estudantes ou soldados. O fato é que possivelmente ele estava entre os 906 manifestantes presos após os protestos. Pode estar vivo ou pode ter sido executado. Ele teve seu ato censurado na imprensa chinesa, mas seu feito é conhecido em muitos países.

Apesar desse absoluto desconhecimento, não é necessário saber quem foi, qual a sua história ou que destino ele teve para poder afirmar que esse momento de coragem é sinônimo de liberdade.  O cenário das horas anteriores deixava claro que aquele ato teria consequências, mas a dignidade de peitar aqueles tanques, pensando no que acreditava e em respeito a todos os seus companheiros que morreram anteriormente, deve ter feito esse homem se sentir livre de toda aquela opressão que lhe era imposta.

Por ele ter vivido esse momento, breve, porém histórico, arrisco dizer que seja lá o que “Rebelde Desconhecido” tenha tido como consequência, creio que ele não se arrependeu do seu instante de liberdade. Se ele não tivesse feito aquilo, talvez tivesse tido uma vida comum, podendo andar tranquilamente, mas nunca estaria tão livre como naquele instante de bravura e dignidade.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

AOS 20 NASCE UMA MÃE


O ano de 2013 parecia começar no ritmo normal, igual aos de todos os anos. Até que o fim do verão, no mês de março, trouxe uma notícia que pegou todos de surpresa. A partir daquele momento ela não era mais menina, era uma mulher. Não decidia só por si, mas por dois. Não era mais Verena, era a mãe de Tiago.

Nada foi planejado, tudo foi um acaso. Mas como em um destino escrito, ele vem sendo seguido. Cada descoberta, cada desafio, um degrau vencido, um obstáculo superado. Ela teve que mudar, e que mudança. Foi preciso crescer e mostrar que mesmo não sendo no tempo planejado, ela está pronta para assumir as rédeas do caminho.

Tudo mudou, ela mudou. Já se percebe um sorriso de mãe, um olhar de mulher e um coração preparado para amar a “nova” família. Ela é jovem, o parceiro também, mas o ser a caminho vai ter o melhor preparo e aconchego que se possa imaginar.

É muito bom saber que de alguma forma faço parte dessa história. O ano de 2009 fala por si só, o início de tudo. Claro que nosso Tiaguinho “ousadia&alegria” (RISOS) poderia ter esperado um pouco mais para chegar, mas o tempo de Deus a gente não discute. E é por isso que hoje, 31 de maio de 2013, quando a mãe, noiva e mulher do ano completa 20 aninhos eu quero dedicar o meu post aqui do Opinião.

Sei que não foi e nem está sendo fácil, mas estou encantada por sua garra e força de enfrentar tudo. Amparo e amor à essa nova família nunca irá faltar. Me sinto escrevendo em nome de todos aqueles que já conheciam a história. Um beijo no coração dessa família que amo e de todos os leitores do Opinião Pro Mundo por entenderem o uso desse espaço para esse texto. Muito amor nesse final de semana pra vocês. E mais uma vez, e agora aqui pelo Blog...PARABÉNSSS, NENAAAAA!!!!


quinta-feira, 30 de maio de 2013

CORPUS CHRISTI E A SUA MENSAGEM


A expressão Corpus Christi vem do latim e significa Corpo de Cristo. É uma festividade religiosa da Igreja Católica e tem como objetivo celebrar o mistério da eucaristia (um dos sete sacramentos instituídos antes da Última Ceia), ou seja, ação de graças, consagração que contém real e substancialmente o corpo, o sangue, a alma e a divindade do Cristo Jesus sob as espécies de pão e de vinho.

O feriado de Corpus Christi é uma das festas que giram em torno da Páscoa. Só relembrando, a Páscoa é comemorada no primeiro domingo depois da lua cheia de 21 de março (data do equinócio). Para que você entenda quando é comemorada todas as festas que giram em torno da Páscoa até chegar ao feriado de Corpus Christi, fiz um resumo:

- Terça-Feira de Carnaval: 47 dias antes da Páscoa                                                                 
- Quarta-feira de Cinzas: 46 dias antes da Páscoa                                                         
- Quaresma: 40 dias antes da Páscoa                                                                                
- Domingo de Ramos: Um domingo antes da Páscoa                                                        
- Pentencostes: 50 dias depois do domingo de Páscoa                                                         
- Corpus Christi: Quinta- feira seguinte ao domingo de Pentecostes                                                

A comemoração do Corpus Christi foi decretada em 1269, século XIII, na Bélgica. No Brasil, a festa passou a integrar o calendário religioso a partir de 1961, mas em Salvador a festa já é celebrada desde 1549, ano de fundação da cidade.

Segundo a Bíblia, Jesus foi morto em sacrifício expiatório, entregando o seu corpo e o seu sangue para que fossemos perdoados dos nossos erros. Na Cruz, o pecador é identificado com Cristo e a ele é unido.

A partir dessa celebração, eu lembro que por várias vezes na vida contrariamos ou temos o nosso sentimento contrariado por pessoas que nos rodeiam e que ratificam a razão da nossa existência (pai, mãe, irmãos, amigos e tantos outros). Magoamos ou somos magoados, contestamos ou temos a nossa dignidade contestada.

E o que geralmente fazemos? Fugimos, nem sempre do ponto de vista físico, mas do ponto de vista do coração. Evitamos a quem prejudicamos ou por quem fomos prejudicados, para que quem errou não veja no fundo dos olhos do outro um espelho retransmitindo a desilusão causada pelo verbo que o ser humano mais conjuga durante a vida: errar. É bem verdade que não podemos passar toda a vida fugindo de problemas criados ou dos desenganos da alma, inevitavelmente, por vontade própria ou contra ela, chegará um momento em que nos depararemos com o passado, e ele é impiedoso.

Corpus Christi é uma das festas móveis que lembram o sacrifício oferecido por Cristo na cruz do calvário, para que nossos erros fossem lançados no mar do esquecimento. Lembre-se sempre, independente de traços religiosos, que a reconciliação é uma chave que abre duas portas diferentes: perdoar e pedir perdão, essas são as duas atitudes mais nobres que existem.

Um erro cometido nunca poderá ser maior do que a falta que uma pessoa fará em nossa trajetória. Existem motivos infinitos que podem comprometer a saúde de uma relação e que nos indicam o caminho para que esqueçamos um coração, mas se houver um único motivo nessa relação que nos faça feliz, esse com certeza deve prevalecer. Que nesse dia relações sejam ressuscitadas.