segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

LIÇÕES DO RIO

por Lucas Coutinho


Termina janeiro e inegavelmente o fato do mês foram as chuvas do rio que levaram consigo centenas (talvez milhares) de vidas. As chuvas como todo o ano eram esperadas, certo que esse ano ela foi maior, mas porque não evitar tantas mortes?


Dessa vez eu não tenho muito que dizer, todos nós já fomos bombardeados de diversas (e várias emocionantes) reportagens sobre sobreviventes e mortos. Quero que vejam algumas coisas que foram ditas nos últimos dias e depois debatemos o tema.

LE MONDE - JORNAL FRANCÊS
"A nova tragédia, como outras no passado, ilustra a negligência criminosa de algumas autoridades eleitas. Por demagogia ou interesses eleitorais, eles deixaram que o concreto tomasse os morros, ou mesmo encorajaram a especulação imobiliária", diz o texto. O Le Monde cita a falta de capacidade para a realização de previsões meteorológicas precisas e a inexistência de sistemas de alerta de tempestades e ocupação irregular como partes de um "inventário das muitas falhas que levaram à tragédia".
"Este foi o 37º deslizamento de terra no Brasil em menos de dez anos", informa o artigo, citando a consultora Debarati Guha-Sapir, do Centro de Pesquisas sobre a Epidemiologia de Desastres da Organização das Nações Unidas (Cred-ONU). "Imagine se o País também enfrentasse terremotos, vulcões ou furacões. O Brasil não é Bangladesh, não tem desculpas".

SÉRGIO CABRAL – GOVERNADOR DO RIO DE JANEIRO EM ENTREVISTA A RÁDIO CBN
"A ocupação irregular e a questão ambiental têm cada vez mais como sinônimo a palavra tragédia. Foi uma situação realmente atípica, um volume de água realmente impressionante. Se tudo estivesse correto, correto, correto haveria danos materiais e perdas de vida, mas não na intensidade que nós estamos vendo".

DEFESA CIVIL - defesacivil.gov.br
Números divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que para cada dólar gasto em prevenção seriam economizados 7 dólares em ações de resposta e reconstrução. O Brasil ainda não desenvolveu amplamente a cultura da prevenção e, por isso, ainda temos ocorrências, eventos adversos, que provocam desastres e danos que poderiam ser evitados. Algumas atitudes podem ser tomadas no dia-a-dia, na rotina da nossa população, que poderiam em muito evitar, por exemplo, alagamentos e inundações provocados por ocupação de margem de rios. Muitos efeitos de desastres poderiam ser evitados ou minimizados em função das ações de prevenção. Socorro nós vamos ter que fazer sempre, de uma forma rápida e ágil, garantindo a total assistência às vítimas de um evento adverso, àquela população. Nós temos que trabalhar o ano inteiro ou na situação de normalidade. Pois, na hora que os eventos adversos ocorrerem, seus impactos provavelmente serão reduzidos.


G1 – PORTAL DE NOTÍCIAS – 17/01/2011
Ministros anunciam novo sistema de monitoramento e alerta de desastres

Presidente Dilma se reuniu com cinco ministros nesta segunda (17).

Sistema deverá estar concluído somente em 2015.


JORNAL CORREIO - SALVADOR 24/01/2011



Agora vamos comentar as informações acima:

Le Monde:
Corretíssimos, o Brasil tem totais condições de proteger seu povo, ações como a feita na cidade de Areal(RJ) onde um simples carro de som avisou que a água iria subir e alagar a cidade é o mínimo que se pode fazer, e ações como está evitariam essas centenas de mortes.

Sérgio Cabral, Gov. RJ: A partir do que o governador disse faço três questionamentos:
1º Já que a ocupação era irregular, porque estava lá? Esperando a chuva levar? Quem construiu tá errado, mas quem não tirou também está.
2º Já que a ocupação irregular existia, porque não se alertou as pessoas que estavam ali para que saíssem vivas antes da tragédia.
3º Vão deixar construir lá novamente?

Defesa Civil:
Sabiam que essa nota retirada do site da defesa civil é de 18/11/2009? Lá estava “Números divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que para cada dólar gasto em prevenção seriam economizados 7 dólares em ações de resposta e reconstrução.” O estado agora terá de pagar 7 vezes mais pelo fato não ter prevenido.

Notícia do G1 sobre o sistema de monitoramento e alerta de desastres:
Quer dizer que só vai concluir em 2015.. Será que não chove até lá?

Notícia do Jornal Correio:
Essa informação sobre Salvador se entende a todo país certamente, novas tragédias podem acontecer a qualquer momento em qualquer lugar entre o Oiapoque ao Chuí. O País da Copa e das Olimpíadas está desprotegido pelo menos até 2015, isso é: se comprirem com a palavra. Boa Sorte!

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