segunda-feira, 24 de setembro de 2012

NÃO SÃO ACIDENTES


Hoje é segunda-feira, e certamente se você acompanhou algum noticiário pela manhã, viu notícias de pessoas que perderam suas vidas em acidentes de trânsito. Infelizmente, estamos acostumados a esse tipo de notícia, que se tornaram tão comuns, que não prestamos a devida atenção. Mas, somadas todas essas tragédias, assustadoras estatísticas que informam, por exemplo, que em 2010 mais de 42 mil pessoas morreram em acidentes no trânsito, e que 145 mil pessoas foram internadas devido acidentes naquele mesmo ano.

Agora imagine esses números em todos os anos, são milhões de vidas perdidas e famílias sofrendo.  A pergunta que as estatísticas ainda não respondem é: Quantas dessas mortes de fato foram causadas por acidentes verdadeiros? Creio que o destino seja o menor dos responsáveis. Infelizmente, o carro deixou de ser apenas um meio de transporte, ele está acessível a pessoas que lhe transformam em uma verdadeira arma. Alguns de seus calibres são excessos de velocidade, uso de celular, desrespeito às sinalizações de trânsito e motoristas completamente embriagados.

É uma questão de falta de educação, de princípios que vem da infância e que ensinam a ter amor próprio e ao próximo. As pessoas contam - com a maior naturalidade - histórias em que apesar do álcool, não houve acidente, e dizem cheios de orgulho que não há nenhum problema dirigir embriagado. Ainda criticam o governo por colocarem fiscalização.

Por falar em governo, na última semana foi lançado o Pacto Nacional de Redução de Acidentes. A ideia é cumprir o que é proposto pela OMS (Organização Mundial de Saúde), e reduzir pela metade o número de mortes no trânsito até 2020. Para alcançar tal objetivo, o governo pretende aumentar a fiscalização, e criar projetos de conscientização. Particularmente, acredito que essa é a palavra chave para mudança desse quadro.


É fundamental uma mudança de mentalidade com relação ao trânsito, desde os pedestres, que ainda atravessam a rua fora da faixa de segurança, muitas vezes pelo simples prazer de ir contra o que é certo. Os motociclistas precisam ser responsáveis e serem respeitados, os ciclistas necessitam de espaços exclusivos e quem fiscaliza não pode ser corrupto. É necessário que essa mudança no pensamento do brasileiro venha desde a pré-escola, onde as crianças aprendem que devem parar no vermelho e seguir no verde.

 

Aqueles que usam o carro como uma arma devem ser presos e ter uma punição justa, no entanto isso ainda não está acontecendo. Pela lei brasileira, quem bebe, dirige e mata é indiciado por homicídio culposo (em que não há intenção de matar). Se o irresponsável for réu primário, a pena máxima é quatro anos de prisão, que podem ser convertidos em serviços para a comunidade. Há um projeto de lei que pode mudar isso, mas a petição online para que esse projeto chegue ao congresso precisa de 1 milhão e 300 mil assinaturas. Em quase um ano de campanha, o Não Foi Acidente alcançou, até agora, apenas cerca de 49% do necessário. Veja abaixo quais são as principais mudanças sugeridas pelo projeto de lei e como contribuir:


Geralmente nos engajamos em causas como essa apenas quando temos perdas próximas, mas não precisamos esperar por isso. Vamos mudar de atitude no trânsito, afinal, por mais clichê que essa frase possa parecer, se cada um fizer sua parte, a mudança acontece. Convido vocês a começarem essa mudança assinando a petição do Não Foi Acidente. Termino o texto de hoje com a palavra de Rafael Baltresca, criador da campanha, que perdeu a mãe e a irmã no ano passado, após um irresponsável, que ainda está solto, atropelar as duas.

“O Homem é o único ser do planeta que mata sua própria espécie. Temos que dar um basta nisso. Tantas e tantas mortes acontecem por pessoas embriagadas que, na hora da alegria, da bebedeira, não entregam a chave do carro para um amigo, não voltam de taxi, não colocam a mão na consciência e pensam na consequência. Quando deixamos de lado a possibilidade do acidente, o acidente acabou de começar. Quando você bebe e dirige, o acidente já começou.”

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