segunda-feira, 8 de outubro de 2012

FESTA DA DEMOCRACIA?


Dia de eleição sempre é marcado por chavões repetidos incansavelmente até o final da apuração, como “ato de cidadania”, “momento de mudança” e “festa da democracia”. Se considerarmos apenas o ato de escolher um candidato que tenha princípios e votar visando melhorar a cidade, as frases até se encaixam. Mas, olhando a maneira em que acontecem as eleições e o fato de que a maior parte dos eleitores só volta os olhares para política a cada dois anos, notamos que vivemos a festa da hipocrisia.

Voltemos para o dia 21 de Agosto. Naquela terça-feira dois hábitos meus, e de muitos, eram desfeitos. O primeiro, que se passa durante o trajeto para faculdade, era ouvir nas rádios o que acontece no mundo, enquanto estou no engarrafamento. Foi interrompido por propagandas políticas ainda mais pitorescas que as da TV. A segunda era olhar a paisagem (ainda) arborizada da Avenida Paralela. Diante da poluição visual gerada por cavaletes, bandeiras e papeis, prefiro olhar para o corredor do ônibus.

A campanha política segue e o que deveria ser espaço para propostas concretas vira um palco de agressões, propostas faraônicas e candidatos sem noção.  Logo caiu a ficha que a política que acompanho quase diariamente na impressa, piora a cada dois anos, devido a dados como esses de Salvador, disponíveis no site do TRE-BA: 



Pare e pense: Quantas pessoas você conhece que não tem maturidade nenhuma para votar? Pois a maior parte da campanha política foi voltada para essas pessoas, muitas vezes acomodadas com programas sociais, ou alegres por ganharem um santinho (acredite, tem gente assim). Quantos e quantos não trocaram seus votos por poucos reais, uma cesta básica ou por um asfaltinho fajuto, como nessa foto meramente ilustrativa que fiz na última quinta-feira...

É para pessoas assim, que tem se voltado o horário político eleitoral, que fazem com que muitos candidatos gastem uma fortuna, “doada” muitas vezes por empresas que se beneficiarão após a posse do político eleito. Além disso, há o dinheiro gasto pelo estado (por nós), para pagar as emissoras de rádio e TV, pelo tempo que ficaram transmitindo a propaganda. Por falar em tempo, outra aberração das eleições é a diferença de tempo disponível para cada candidato, uns com um tempo insignificante e outros cheios de jingles, gráficos e até humoristas, colocados para atingir o público que citei anteriormente.


Na semana da eleição, aquilo que para mim é o mais ridículo de todo processo eleitoral, por mais que ocorra em toda eleição, meus olhos sempre esbugalham ao ler: “Nenhum eleitor poderá ser preso ou detido, salvo em flagrante delito, ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto (Código Eleitoral, art. 236).” Como assim? Mais vale o voto de um possível criminoso do que a segurança de todos? – penso eu toda eleição. Imagino quem passou por traumas recentes como não deve ficar.

Chega o famigerado dia e uma imundice infinita. Em breve, enchentes. Presenciei redemoinhos de papel e um pobre cachorro que parecia atônito com tanta sujeira gerada por animais humanos. Sem contar os caras de pau, que se irritavam quando não pegávamos o santinho.

Nas pesquisas mais vergonha, a Boca de Urna e anteriores foram grande atestado de incompetência, no mínimo. Em Salvador, apontaram Pelegrino 43% e ACM Neto 36%, com uma margem de erro de dois pontos. Foram quatro. Em São Paulo, a pesquisa do Sábado apontava os três primeiros com 22%. Na urna, Serra abriu 10% para o terceiro colocado, Celso Russomano.


TRÊS OBSERVAÇÕES PARA CONCLUIR:
1ª – Justiça seja feita, mais uma vez a apuração brasileira deu um show.
2ª – Uma interessante renovação de 50% na Câmara de Vereadores de Salvador e candidatos pitorescos derrotados.
3ª – Houve uma reação a tão bizarro processo eleitoral em Salvador, com 375.022 abstenções (19,93%). Na eleição para prefeito, foram 72.972 votos em branco(4,84%) e 141.443 votos nulos(9,39%).

Tudo que foi dito é a prova de que a utópica reforma política, precisa deixar de ser utópica.

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