segunda-feira, 29 de outubro de 2012

POLÍTICA NÃO ACABA COM A ELEIÇÃO


Encerrou-se um processo que elegeu em todo país 5.562 prefeitos e mais de 57 mil vereadores. Aqui em Salvador observei que no começo desse período, as pessoas traziam consigo um discurso carregado de descrédito para com os candidatos e desmotivação com o processo eleitoral. Nas últimas semanas o tema começou a entrar nas conversas do dia-dia, motivadas muitas vezes pelo tom agressivo dos debates. Já ontem, no Facebook, as pessoas defendiam com unhas e dentes seus ideais, numa mistura de esperança, desilusão, vingança sarcástica e indignação pela suposta volta de um passado sombrio. Todavia, a partir desta segunda-feira, todo o envolvimento que cresceu nesses últimos dois meses deve simplesmente desaparecer.

A origem da palavra política está na reunião de cidadãos que formam uma cidade. Assim sendo, a reunião de cidadãos deve ser constante, afinal, a política está acontecendo a todo o momento. No entanto, além da eleição, a população só tem voltado seus olhos para política quando esta influi em suas vidas de modo imediato e preocupante, como ocorreu, por exemplo, nas greves da policia e dos professores. Situações como o auto-aumento de salário de 44% dos vereadores de Salvador pouco repercutem entre a população.

Se uma sociedade não presta atenção na política, não pode cobrar a atenção dos políticos. Atualmente por aqui, o trabalho de deputados estaduais e vereadores só são lembrados a cada quatro anos. Sabe o ditado popular que diz que quando o gato sai, os ratos fazem a festa? Não estou generalizando, ainda existe gente boa na política, mas quando o trabalho dos maus políticos não é acompanhado pela população, eles fazem a farra, é corrupção, aumento de salário e faltas aos montes. Aliás, o congresso nacional está parado a praticamente dois meses, por conta da eleição municipal. Cadê que alguém liga?

Tem muita gente que critica a população por não acompanhar política dizendo que tem que acabar com o ‘pão e circo’, o que já se tornou um chavão. Não acho que seja assim, tem que ter espaço para entretenimento sim, porém, não podemos ficar apenas numa overdose de história ficção, como há duas semanas, enquanto os olhares para quem escreve a nossa história fica completamente de lado. É preciso entender que podemos até não gostar da política, mas que ela deve ser de nosso interesse.

Se realmente desejamos tantas mudanças como falamos nos últimos dois meses, cobremos para que elas aconteçam nos próximos quatro anos. Acho um grande erro as pessoas ao serem perguntadas por reportagens em qual candidato votou na eleição anterior não se lembrarem mais. Deseja a mudança? Acompanhe, cobre, proteste se necessário, seu direito não é apenas votar. Caso suas expectativas não sejam atendidas, não reeleja, quanta gente boa quer entrar na política e está desmotivada pelas eternas reeleições dos Sarney’s da vida? Eleger alguém é comprometer-se em observa-lo. Política não acaba com a eleição.




Nenhum comentário: