terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O AR É DIFERENTE NA 1ª


Meu primeiro estágio em jornalismo foi na A Tarde. Trabalhei na editoria de Cultura no portal do jornal na internet. Nos plantões de final de semana, não existia editoria fixa, todos pegavam as notícias de qualquer editoria. Como o pessoal, principalmente a chefa, sabia que eu gostava de futebol, fui escalado para cobrir alguns jogos do minuto a minuto. Antes que você pergunte, esse tipo de cobertura de jogo é feita de dentro da redação assistindo pela TV e ouvindo pelo rádio. O último deles, em que estive lá, foi o segundo clássico deste ano de 2012 entre Bahia e Vitória, que aconteceu no Barradão e terminou com a vitória rubro-negra por 3 a 2.

O que me chamou atenção não foi somente a emoção de participar de alguma forma de cobertura de um Ba-Vi e sim o esquema de cobertura que foi montado. Na A Tarde fiz o minuto a minuto de outros jogos do Campeonato Baiano envolvendo Bahia e Vitória. Era somente uma pessoa para fazer o lance a lance, a matéria do jogo e montar uma galeria de fotos. Só que para o Ba-Vi foram escaladas duas pessoas para fazer a cobertura, sendo que eu fui uma delas. Cada um pegou um tempo e quem estava ocioso no segundo tempo, já ia escrevendo o texto da matéria, para que ela fosse pro ar tão logo o árbitro apontasse pro círculo central do campo decretando o fim da partida. 

Lembro que cheguei lá mais cedo do que o normal e saí um pouco mais tarde do que o habitual para cobertura de jogos. Também não esqueço o delicioso frio na barriga que foi um pouco mais intenso do que em jogos normais. O clima na redação também era diferente. O pessoal de esporte do jornal se reunia em frente à televisão parecendo um grupo de torcedores. Alguns eram Bahia, outros eram Vitória, a gozação rolava, mas estava tudo em casa.

Ao final do jogo, enquanto que um escrevia a matéria, o outro ficava ligado no rádio pra pegar as declarações dos jogadores e treinadores dos dois times. Depois que as matérias do BA-Vi (matéria do jogo e reportagem das entrevistas e coletivas) foram pro ar, partimos para a montagem da galeria de fotos. Foi quando vi o fotógrafo chegando na redação, vindo do Barradão. O cara parecia cansado depois de uma batalha. Junto com ele, também chegou um repórter que cobriu o jogo para o jornal lá do estádio e contou para o editor, escalado apenas para a cobertura do minuto a minuto, o que aconteceu nas torcidas dentro e fora do estádio.

Saí da redação, após terminar o meu trabalho, com um sorriso incontrolável e infinito no rosto. Entrei no jornalismo para trabalhar com esporte e cobrir um BA-Vi é estar no caminho do Blunt of Judah. Fiquei imaginando como seria cobrir um clássico entre Bahia e Vitória na série A do Campeonato Brasileiro. O clássico na primeira divisão do Brasileirão é diferente do mesmo clássico no campeonato estadual ou na segundona. O ar é diferente, o clima é outro. Não é a mesma coisa.

O clássico BA-VI de 2013 na primeira divisão do Brasileiro foi garantido aos trancos pelo Bahia do escapar do rebaixamento, neste último domingo (2). Pois os barrancos já tinham sido superados pelo Vitória que conseguiu o acesso à série A, no sábado retrasado (24). Desejei esse encontro dos dois times na divisão de elite do futebol nacional desde que deixei a redação de A Tarde no início da noite daquele domingo 18 de março de 2012.

P.S: Se você é uma das pessoas que pergunta o que venha ser Blunt of Judah... Assista o vídeo.



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