quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

UMA NOVA VISÃO DA CIÊNCIA


O conceito de ciência em geral é pautado como uma atividade exclusivamente individual, restrita a “gênios” intelectualmente privilegiados e cuja imagem representante é apenas tubos de ensaio, microscópios ou laboratórios munidos com aparelhagem moderna. Engana-se quem pensa assim.

A compreensão da ciência ultrapassa a barreira desse senso comum. A ciência é muito mais que isso, é uma atividade social em pontos diversos. Primeiro, porque é uma exclusividade do ser social. Nada há de parecido na natureza. Em segundo lugar, é social no sentido de que é parte movida e movente do desenvolvimento histórico da humanidade. Ainda que muitas vezes pela mediação de indivíduos particulares, a ciência é um complexo social decisivo para o desenvolvimento da totalidade da humanidade.

Como ação social, a ciência é fruto do sistema desenvolvido pelo ser humano em que se apropria da cultura produzida durante todo o período histórico. Por isso, expressa perfeitamente o trabalho humano. Nessa perspectiva, a ciência é, então, resultado do processo histórico da humanidade, reduzindo o trabalho e as potencialidades do homem desenvolvidas ao longo de toda vida humana na terra. Ou seja, a ciência é uma realidade. Vejo a ciência também como um fenômeno determinado pelas relações de produção impostas pela sociedade.

E é justamente esse ponto de partida, citado no final do parágrafo anterior, que permite o entendimento da ciência como uma atividade que é, ao mesmo tempo, uma realidade humana e um fenômeno que, ao se manifestar na incrível estrutura da sociedade, é determinado pelas relações sociais de produção que se estabelecem na base dessa sociedade.

Deve ser claro que o entendimento de ciência como um fato não se opõe ao entendimento de que a ciência é determinada, durante o seu desenvolvimento, pelas necessidades e possibilidades, objetivas e subjetivas, predominantemente fundadas pelo trabalho ao longo de todo o tempo. O desenvolvimento das forças produtivas comparece também como o momento do desenvolvimento científico. 

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

SAUDADE DE UM FUTURO QUE NÃO VAI ACONTECER


O celular tocou e ela atendeu. Era sua amiga avisando que já estava em frente à sua casa, aguardando no carro. Ela desliga e vai em direção à sua mãe para se despedir. Depois de um abraço, a mãe pede que a filha tenha juízo e não volte da festa muito tarde. Ela sorri e vai embora.

Na boate, encontra vários amigos, muitos deles colegas da faculdade. Dançam, bebem e se divertem. No auge de sua juventude, conversam sobre os planos para o futuro, sobre para onde viajarão no feriado de carnaval e onde se imaginam daqui a alguns anos, depois de se formarem.

Mais uma banda sobe ao palco. Porém, em pouco tempo, o clima animado é tomado pelo pânico. As pessoas começam a correr, enquanto gritam “fogo, fogo”. Ela começa a correr junto às amigas, à medida que uma fumaça preta vai dificultando sua visão e Respiração.

Sem conseguir pensar ou enxergar direito, ela segue um fluxo de pessoas que vai em direção à saída, mas acaba entrando em um dos banheiros. Cada vez mais difícil enxergar, respirar. A garganta ardendo, uma dor forte no peito. Aperta a mão da sua amiga, que não a soltara desde o início da confusão, e de repente tudo fica tão escuro quanto a fumaça. Ela cai no chão.

O celular tocou e ela não atendeu. Era sua mãe, que mais preocupada que o de costume, queria saber se sua filha estava bem e porque ainda não havia voltado para casa. A mãe disca mais uma vez o número da filha. As primeiras discagens das muitas que ainda faria, até saber da tragédia que, naquela noite, havia destruído o futuro não só da sua filha, como também de mais de 200 outros jovens.

Saudade. Talvez seja esse o sentimento que vai acompanhar a mãe pelo resto de sua vida. Saudade daquela menina que ela viu nascer e crescer. Mas, principalmente, saudade da mulher que ela iria se tornar. Uma saudade do futuro que sua filha não poderá ter.

Palavra que só existe na língua portuguesa e de difícil tradução. Serve para definir o sentimento de falta de alguém, ou de algum lugar. Pode se referir a momentos ou pessoas que marcaram a sua vida. E a saudade também pode estar relacionada às coisas que não aconteceram, mas que são desejadas.

O desejo de que a filha tivesse atendido o celular. De que ela acordasse no dia seguinte. E de que ela pudesse viver todo o futuro que tinha pela frente. Mas enquanto o toque do celular ainda parece ecoar, ela continua no silencioso.

*Dia 30 de janeiro – Dia da Saudade

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

APRENDIZADO...


O assunto da semana é a tragédia de Santa Maria, interior do Rio Grande do Sul, em que uma boate superlotada pegou fogo e ceifou cerca de 236 jovens. Mas não vou tratar disso no meu texto hoje. Meu colega Lucas já o fez muito bem no texto dele de ontem. Hoje, eu quero falar da minha primeira experiência de cobertura de rua pra televisão.

Antes de iniciar o meu relato, vou dizer uma coisa. Aliás, duas. Logo quando cheguei na televisão, depois das boas vindas, me disseram que estava chegando numa verdadeira escola. É ali que eu ia aprender o jornalismo e não na universidade. A outra coisa é que eu deveria escolher direito o que eu queria da vida. Escolher outra profissão que desse dinheiro, pois no jornalismo eu não iria encontrar.

Bom, um dos repórteres teve um problema de saúde e faltou ao trabalho. Então fui escalado para fazer duas pautas dele. A primeira era cobrir a coletiva de lançamento do Camarote Salvador e a apresentação oficial do Chiclete como Banana como uma das atrações do camarote. Isto significa que a meu primeiro entrevistado foi nada mais nada menos do que Bel Marques. E com meu crachá de estagiário pendurado no pescoço, senti um friozaço na barriga para fazer apenas uma pergunta pra ele.

A segunda pauta seria outra coletiva de lançamento do Camarote Contigo. No trajeto, o cinegrafista, começou a me explicar várias coisas, de como eu poderia ter feito uma outra pergunta que deixaria Bel mais descontraído e a partir daí conquistaria a fonte para me revelar mais coisas. Mas entre mortos e feridos salvaram-se todos. Cumpri a pauta.

A porta do Camarote Contigo, descobrimos que a coletiva não seria ontem. Passei o rádio para a coordenadora da redação informando a data correta. Aí que veio uma pauta improvisada, de última hora. Recebemos a missão de ir até o Ferry-boat e fazer um “Fala Povo” sobre o serviço prestado pela Agerba. As entrevistas vão servir para a matéria de outra repórter.

Chegando lá um deserto. Sem filas e aparentemente sem nada. A primeira coisa que falei pro cinegrafista foi “Vamos passar o rádio para a coordenadora e dizer que não tem nada hoje. O dia que bomba é o final de semana e não segunda-feira”. Mas aí ele disse, “Vamos andar por aí e ver se conseguimos alguma coisa, caso contrário passamos o rádio e voltamos pra têvê”. Esse passeio foi de grande valia para mim. Ele me ensinou como é que garimpa depoimentos e como canalizamos as indignações para que elas se soltem na frente das câmeras.

Esse foi mais um passo para me tornar um jornalista, algo que comecei a sonhar no ano de 2003 e sigo firme e forte para realizá-lo. Mesmo que todos me digam que jornalista ganha pouco e devo mudar de profissão. Não há nada melhor do que ver o trabalho como uma terapia e não uma fonte de estresse. Como diz Nação Zumbi, “Tô no caminho do Blunt of Judah/ Pra ficar sonhando depois de acordar”.


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A REPERCUSSÃO DA TRAGÉDIA EM SANTA MARIA


Foi um dia de choque, nem mesmo os últimos dois grandes acidentes aéreos em nosso país, Gol em 2006 e TAM em 2007, haviam matado tanta gente. O Brasil se assustou e acompanhou, o mundo repercutiu rapidamente, por que 236 jovens perderam suas vidas de um modo que é inaceitável. Costumo dizer que a gente só conhece quem são as pessoas de verdade em momentos de crise, quando muita gente mostra uma face egoísta e surpreendente. Ontem foi um desses dias, onde algumas atitudes chamaram tanta atenção quanto à tragédia, algumas boas e outras lamentáveis, não só por parte das pessoas, como também da imprensa.

Para a grande maioria, foi um misto de susto, tristeza e indignação. Ninguém esperava acordar com essa notícia. As reações iam se multiplicando durante o dia, e se relacionando com o que era noticiado, ficávamos pasmos ao saber da notícia e revoltados quando surgia cada informação que atestava a negligência de organizadores e autoridades.

Infelizmente também apareceram reações, de uma minoria, que acredita poder fazer graça com tudo. Teve até gente preconceituosa desejando que isso não acontecesse no Rio Grande do Sul, mas em outros estados do nordeste. Declarações que multiplicaram a tristeza, ao mostrar que existem humanos que não respeitam nem mesmo o sofrimento de tantas famílias que perdem pessoas com vidas inteiras pela frente, em circunstâncias como aquelas.


Wilson Dias/Agência Brasil

Algumas ações também nos alegram, e nos trazem um pouco de alívio, como a grande quantidade de pessoas que se dirigiu para fazer doações de sangue, os voluntários que se colocaram a disposição de cozinhar para os parentes de vitimas, pessoas que ofereceram acompanhamento psicológico gratuito e até hospedagem para quem não era da cidade. Hospitais de São Paulo e Pernambuco disponibilizaram parte de seu Banco de Pele para ajudar os feridos. Boas ações que nos fazem acreditar na humanidade, apesar de tantas barbaridades que ainda são ditas nessas situações.


Positiva também foi a ação da Presidenta Dilma Rousseff, que de forma imediata deixou o Chile para trás e foi visitar os feridos e familiares de vitimas fatais, fazendo de forma imediata o que deve ser feito por um bom chefe de estado. Creio que seu único erro foi em relação aos três dias de luto oficial, muito pouco para dimensão do que aconteceu.


COBERTURA DA IMPRENSA

Após noticiar o que aconteceu, a imprensa partiu para algumas ações bem comuns, como entrevistar sobreviventes, simular as causas da tragédia, discutir como esse tipo de acidente poderia ter sido evitado e mostrar como estão ambientes comuns em suas respectivas cidades. Até então tudo bem, apesar de ser lamentável esse tipo de discussão surgir apenas nessas situações.

Mas infelizmente, muitos órgãos de imprensa se comportam, em minha opinião, como verdadeiros urubus, num sensacionalismo evidente e completamente desnecessário, pois todos já estavam suficientemente abalados com o ocorrido. Grandes portais e sites de importantes jornais exibiram álbuns de fotos, com as famílias das vitimas chorando as perdas. Uma foto na capa de um jornal ou site, retratando numa imagem daquilo que é comum a duzentas famílias, tudo bem, mas daí a fazer um álbum? Alguns outros veículos de comunicação ultrapassaram o limite do bom senso ao pegar e publicar as fotos do Facebook das vitimas. O ‘Estado de São Paulo’ chegou ao ridículo de pedir em sua página no Facebook que os internautas publicassem nos comentários o link do Facebook de quem faleceu. Após dezenas de criticas, a postagem foi apagada.

Na TV, uma bipolaridade completa, de quem não sabia se transmitia a tragédia ou a programação alegre de domingo. As programações não foram repensadas, de modo que quando a tragédia estava sendo transmitida era de modo constante e cansativo, e quando não estava no ar, não faltaram programas de humor, principalmente no inicio da tarde, um momento completamente inapropriado. Podiam ter optado por boletins durante a programação, e no ar, programas de entrevistas, desenhos, esportes, ou outro meio termo que não deixasse um clima mórbido, mas que também respeitasse o momento.

A NOSSA PARTE

Cabe a nós enquanto sociedade, antes de tudo, voltar os olhares e orações para aqueles que sofrem com essa tragédia, e contribuir, se isso estiver ao nosso alcance. É importante também deixar que a atenção que surge nesse momento, com relação a segurança contra incêndios em locais públicos, não caia no esquecimento, que se cobre dos donos de estabelecimentos e promotores de eventos, toda segurança possível. Além disso, quando a imprensa começar a apelar, mude de canal, não acesse, não compre, você leitor é quem tem o poder de acabar com esse falso jornalismo pautado na dor alheia.

Em nome de todos os colunistas do blog Opinião Pro Mundo, expresso o desejo de que os hospitalizados se recuperem, que os familiares de vitimas fatais tenham forças para recomeçar e que todos os responsáveis diretos e indiretos sejam investigados. Fique abaixo com as capas dos principais jornais de circulação nacional e alguns estrangeiros que noticiaram o fato.




quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

TODOS PELA SAÚDE


Sabendo do meu encanto por reuniões em que se discute um determinado tema, meu amigo Gabriel sugeriu-me assistir o documentário sobre a Conferência Mundial de Determinantes Sociais da Saúde (CMDSS), realizada no Rio de Janeiro entre 19 e 21 de outubro de 2011. Como acredito que aquele encontro foi fundamental para os militantes da reforma sanitária e para os vigilantes da garantia da saúde, por não lembrar de nenhum meio de comunicação ter destacado o evento e por ser um tema sem prazo de validade, já que o êxito de uma Conferência pode ser determinado pelo impacto provocado nas políticas públicas regionais, nacionais, internacionais ou até pelo legado construído ao longo do tempo, resolvi explorar o assunto.

 O evento reuniu líderes globais para a elaboração de políticas voltadas à redução de tendências relacionadas às desigualdades em saúde, com base nas considerações da Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde instituída em 2005 pela Organização Mundial de Saúde, firmando compromissos para o combate às desigualdades em saúde através da ação sobre seus determinantes sociais. Os temas principais do debate ocorreram em torno da reflexão da necessidade de atuação sobre os determinantes sociais, visando uma abordagem mais profunda sobre o enfrentamento das questões como: Programas de saúde pública, redução das desigualdades nos programas de saúde, importância das lideranças comunitárias para a ação sobre os determinantes sociais.

Por trás de todas as injustiças contestadas pelos militantes esteve um fator que desarticula a nossa vida social: o poderoso mercado globalizado. Um jogo que coloca em disputa as necessidades do ser humano, produção econômica e interesses e especulações do capital financeiro. Um jogo em que os perdedores são sempre os mesmos, as classes inferiores, são os que pagam pelas crises e pelas reduções impostas pelo sistema capitalista. 

Um exemplo pleno é o sistema de saúde da China que durante o período comunista era universal e com a brecha econômica, os interesses do mercado foram privilegiados, fazendo com que grande parte da população perdesse o acesso a um programa educacional e de saúde pública de qualidade. Ou seja, a China realmente se tornou uma potência econômica, só que o direito a saúde e a educação foram desagregados da população. 

O documentário mostrou também a indignação e as críticas dos que acampavam na frente do prédio onde acontecia o evento. Apesar da cobrança por resultados satisfatórios, o documento proposto pelos representantes de 130 países quanto às razões das desigualdades entre as populações do mundo e de ações globais não foi nem um pouco surpreendente. Por quê? Por que já se passou quase dois anos do evento e 35% das mortes de crianças são em função da desnutrição e grande parte delas são da África; países pobres pagam cada vez mais caro por alimentos e principalmente por saúde, só que vendem cada vez mais barato suas melhores terras às corporações transacionais de alimentação. Mas o exemplo que mais me deixa estarrecido é que o valor investido na saúde de uma vaca japonesa é cinco vezes maior do que a de um cidadão africano.

Um exemplo bem próximo da gente do descaso a saúde de um povo, é o Sistema Único de Saúde (SUS). A crise da saúde brasileira carrega dimensões de uma crise universal, sem contar que há um enorme déficit quanto à atenção médica, a colocação de leitos do SUS para planos de saúde entre muitos outros problemas. Por isso se questionassem a minha opinião quanto ao que é mais urgente e inadiável, se é a reformulação da gestão da saúde no Brasil e nos países pobres, se é a falta de uma boa dose de recursos ou até a ampliação do acesso com qualidade, eu diria que era mais eficaz um coquetel com todos esses “remédios”.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

REFLETINDO GERAÇÕES


O rapaz está no carro, parado no sinal vermelho. Sob os óculos de sol ele observa as pessoas que atravessam a faixa de pedestres, até que uma delas lhe chama a atenção. Mulher bonita. Cabelos longos, seios fartos, quadris grandes, cintura fina. Uma mulher perfeita. O sinal fica verde e o barulho de carros buzinando desperta a atenção do rapaz.

No banco traseiro sua sobrinha de oito anos se diverte penteando o cabelo de uma boneca Barbie. Observando a cena pelo espelho retrovisor ele não deixa de notar as semelhanças da boneca com a mulher que acabara de ver na rua. Perfeitas, com tudo aquilo que ele acreditava ser essencial em uma mulher. “Não só eu como toda a sociedade”, pensou.

Ao chegar à casa dos avós, ele encontra toda a família reunida. Sua irmã pergunta como foi o passeio e dá um abraço na filha, enquanto todos se reúnem na sala de estar. A garota, sempre segurando sua boneca, senta-se no tapete, no centro da sala, e inicia uma infinita troca de roupas da Barbie.

A avó do rapaz para de conversar, observa a brincadeira da bisneta e começa a se lembrar da sua própria infância. Num ataque de nostalgia se levanta e vai em direção ao seu quarto. Na volta traz em suas mãos uma boneca de porcelana, protegida por diversos tecidos amarelados e tão antigos quanto as mãos que os seguravam.

Senta-se ao lado da pequena menina, cada uma segurando sua boneca. Uma magra, outra gordinha. Um contraste não só de aparências, mas de gerações. Oitenta anos depois de ter ganhado a pequena boneca de porcelana, a senhora idosa começa a contar as histórias de sua infância e dos costumes daquela época.

O avô se intromete e o rapaz ouve, chocado, quando ele diz qual era a preferência dos homens em relação às mulheres naquela época. “Quanto mais cheinha, mais bonita era a mulher”, declarou. E tudo aquilo se refletia nas bonecas com as quais as meninas brincavam, assim como hoje em dia.

As bonecas tem origem nas imagens e estatuetas com significado religioso, que estão presentes na vida do ser humano desde a Pré-História. Mas apenas no século XVII que elas se tornaram um objeto destinado às crianças e desde então elas buscam refletir o estereótipo feminino. Enquanto ocorriam as mudanças de padrões, as bonecas também seguiam as transições, até chegarem a forma na qual se apresentam atualmente.


A mudança no padrão de beleza feminino se deu, principalmente, devido aos novos papéis que as mulheres passaram a ocupar. As donas de casa, que dedicavam seu tempo exclusivamente para a família, passaram a buscar espaço no mercado de trabalho, assumindo novas funções. E à medida que a mulher ia conquistando o mercado de trabalho, seu corpo ia refletindo essa mudança, ficando cada vez mais magra, mais ágil.

E as bonecas, tão contrastantes, que o rapaz observava durante a reunião familiar, eram apenas um reflexo de todas essas transformações. Após se despedir dos parentes, no final daquele dia, ele dirigia em direção à própria casa e continuava a refletir sobre os padrões de beleza. Como seriam as bonecas com as quais sua filha brincaria no futuro? Ficou imaginando as possibilidades enquanto sorria ao se lembrar da garotinha e da velhinha brincando com suas bonecas de diferentes gerações.


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

FALTA O FUTEBOL MOLEQUE


Dois dos meus colegas deste blog responderam a uma enquete, numa rede social, sobre o que faltava na Seleção Brasileira de futebol durante este final de semana. Li as opções que tinha, mas não respondi. Nesta segunda-feira, 22, fez 30 anos que Mané Garrincha morreu. E Juca Kfouri, escreveu um breve comentário e colocou o link deste vídeo, além de um texto de João Saldanha sobre o gênio das pernas tortas.
                                                 
Quando vi esse vídeo, me bateu uma saudade que respondeu a enquete da rede social. Pra mim, falta o futebol moleque, do jeito que Garrincha fazia nos seus tempos de jogador. Nos gramados, tanto com a camisa preta e branca do Botafogo, quanto com a amarelinha da seleção, ele jogava por pura diversão. Brincava de passar a perna por cima da bola, vendo o marcador acompanhá-lo e a bola lá parada, estática. Parecia uma criança jogando bola driblando o time adversário inteiro e quando chegava na cara do gol, voltava e driblava todo mundo de novo.
Atualmente, o cara que se aproxima do estilo Garrincha de jogar, é Neymar, mas nas devidas proporções. É um craque goleador e driblador. Além disso, o jovem craque do Santos aparenta jogar por prazer, por diversão, como o gênio de pernas tortas. É com esse DNA driblador, do futebol moleque que a Seleção Brasileira poderá resgatar a sua essência. A alegria de jogar, coisa cada vez mais rara de se ver na seleção.
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Luiz Felipe Scolari fez hoje a sua primeira convocação desde sua volta ao comando da Seleção Brasileira. Uma convocação sóbria, coerente, de alto índice de acerto.
Afastado desde a Copa de 2010, Júlio César foi convocado
por Felipão nesta terça, 22.
Ele chamou para o gol, Júlio César (QPR) e Diego Alves (Valência). Para a zaga, a unanimidade David Luiz (Chelsea), o seguro Miranda, titular absoluto do Atlético de Madrid, o xerifão do Bayern de Munique, Dante e Leandro Castán, que também é titular da Roma. Thiago Silva não foi chamado porque está lesionado. O quarteto de volantes tem o excelente Ramies (Chelsea), Paulinho (Corinthians), Arouca (santos), e Hernanes (Lázio), mas lembrando que o ex-jogador do São Paulo não joga de volante na Itália, ele virou meia no velho continente. Para armar o jogo, ninguém melhor do que Oscar (Chelsea) e Ronaldinho Gaúcho (Atlético-MG), depois de ter feito um bom Campeonato Brasileiro. Para o ataque, o futebol moleque de Neymar, o promissor Lucas, agora PSG, Hulk (Zenit), o matador Luís Fabiano e o merecedor e artilheiro isolado do Brasil, Fred do Fluminense.
Pode-se trocar uma peça ou outra, mas isso fica a gosto do freguês. Mas todos ele estão jogando bem nos seus clubes. Não há nenhum nome questionável pelo momento atual. A menos que você queira lembrar dos gols da Holanda sobre o Brasil na última Copa em 2010, aí pode riscar o nome Júlio César.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

VIOLÊNCIA CADA VEZ MAIS ESTÚPIDA


Quem me conhece sabe como não gosto de escrever sobre violência, de ler páginas policiais e principalmente dos programas policialescos na TV. Todavia, há uma hora que tomamos conhecimento de cada coisa absurda que não dá para deixar de lado, desde que não seja apenas exibindo a violência, mas discutindo sua prática, origem e consequências, como procurarei fazer hoje. Nesse começo de ano, três casos me chamaram muito atenção por serem casos de violência ainda mais estúpida e banal.

Um deles foi justamente ao primeiro dia de 2013, em um restaurante no Guarujá, litoral de São Paulo. Segundo a polícia local, um jovem de 22 anos se recusou a pagar o valor de R$ 19,99, alegando que o valor divulgado quando ele entrou no restaurante era de R$ 12,99. Após discussão o jovem chamou a policia, e então a briga se generalizou e o jovem foi morto com três facadas por míseros sete reais.

Arte: Ueverton Santos  
Rede Bahia de Televisão

Um outro caso que mostra os desatinos da violência, foi quinta-feira, 17, em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador. Um ônibus bateu no fundo de um carro, dirigido pelo médico ortopedista Raymundo Pereira, que tinha como passageira a sua irmã, a advogada Arli Patrícia. Após descer do carro e fazer fotografias da batida, no momento em que Raymundo se dirigia de volta ao veículo, o motorista do ônibus jogou o carro contra o Raymundo, sua irmã e sua esposa grávida que seguia no carro da frente. A esposa teve escoriações leves, mas Raymundo e sua irmã tiveram ferimentos graves e seguem internados. O motorista não foi preso em flagrante e possivelmente se apresente a polícia nessa terça.

O último caso que destaco foi no Rio de Janeiro, na noite da sexta-feira, 18. Numa tentativa de assalto, um vectra preto com quatro suspeitos aproximasse do carro de Priscila Firmino de Barros, 24 anos, que trazia sua filha, Geovanna Vitória, de um ano, no banco de trás. Assustada com a abordagem, Priscila arrancou com o carro, e os bandidos atiraram e mataram a criança. Segundo reportagem do G1 publicada no dia seguinte, a Priscila e seu marido tentaram ter uma criança durante 11 anos. 

Esses foram alguns casos que, apesar de não acompanhar esse tipo de noticiario, fiquei sabendo por conta da repercussão, podem até ter tido outros tão graves quanto, e então eu pergunto: Para que desejos de feliz ano novo, foguetes, champanhe e vestir branco, se enquanto humanidade, ao invés de avançarmos, estamos nos tornando cada vez mais primitivos? Alias, ao fazer essa comparação acho que estou até ofendendo os homens das cavernas.

Estamos ‘evoluindo’ para um mundo de uma estupidez sem precedentes, em todos os casos citados a irritação foi determinante para gerar uma tragédia. Pessoas que podem fazer parte de nosso dia-dia como funcionários de restaurantes ou motoristas de ônibus, podem irritar-se por não ter seus desejos satisfeitos e fazer barbaridades.


Nesse momento, uma pergunta é frequentemente feita: Aonde vamos parar? É fato: Num mundo onde o stress é cada vez maior, em que as pessoas estão cada vez mais frias e se irritando por bobagens, numa sociedade mal-educada, sem compaixão ou respeito, a resposta para essa pergunta não é nada boa. A única real possibilidade de mudança que vejo é investir nas crianças, educa-las e lhes tornar pessoas dignas para em algum futuro as coisas mudarem, o problema é o interesse nisso é quase zero, tanto da parte dos governos, como na sociedade, que vive tragédia atrás de tragédia e não procura mudança.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

ROYALTIES DO PETRÓLEO: VALOR TOTAL PARA A EDUCAÇÃO



A distribuição dos royalties do petróleo entre os estados produtores e não produtores, foi o assunto mais comentado no universo político-econômico dos últimos meses de 2012. Os royalties são prestações financeiras que as empresas exploradoras de recursos naturais têm o dever de pagar em decorrência do domínio da propriedade pública desses recursos, ou seja, são tributos pagos ao governo pelas empresas que exploram os recursos, petróleo ou gás natural.

No Brasil, o valor arrecadado pelos royalties do petróleo é dividido entre a União, estados e municípios produtores ou com instalações de refino e de auxílio à produção. Alegando que o petróleo do pré-sal é uma riqueza nacional, uma Proposta de Lei do Deputado Federal Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) determina uma nova divisão dos royalties do petróleo, o que não agradou muito os governos do Rio de Janeiro e Espírito Santo, os maiores produtores nacionais e os que mais lucram com a atual divisão dos royalties.

Mas em meio a toda essa discussão, uma excelente notícia. A presidente Dilma Rousseff publicou em 03 de dezembro de 2012 em edição extra do Diário Oficial, uma medida provisória em que veta parcialmente o projeto de lei aprovado pelo Congresso que modificava a distribuição dos royalties do petróleo, e destina para a educação o valor integral dos royalties do petróleo relativos a contratos de exploração assinados a partir dessa data.

Em resumo, tudo que for arrecadado com as futuras concessões de petróleo e gás serão investidos nos programas educacionais. Falta agora uma mobilização das entidades da área de Educação em favor da aprovação da medida provisória no Congresso, já que o texto será examinado pela Câmara e em seguida vai para o Senado.

No inicio do ano passado, a Câmara aprovou o Plano Nacional de Educação por unanimidade e estabeleceu que nos próximos 10 anos deve-se dobrar os investimentos em educação, chegando a 10% do PIB. Atualmente, o país investe pouco mais de 5% do PIB para a educação. Se passasse hoje a investir o percentual fixo de 10%, o valor aplicado seria de R$ 215 bilhões, o dobro do que é investido normalmente. Sabido da insuficiência de recursos, confesso que me mantive cético quanto ao cumprimento da aprovação, imaginando qual seria a fonte de financiamento estável para a completa execução do termo estabelecido, parece que os royalties do petróleo serão os maiores patrocinadores da nossa educação.


A partir da ratificação da medida provisória que define um percentual fixo de 10% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas no País) para a educação seja vinculada diretamente aos recursos provenientes da produção de petróleo, teremos assim como os países subdesenvolvidos do oriente, chances maiores de transformar educação em desenvolvimento e redução da pobreza, desigualdade social e até violência. O ideal é seguir lutando por um programa educacional de qualidade. Por isso, não temos mais tempo a perder.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

INTERATIVIDADE DO MAL PARA SALVAR A AUDIÊNCIA



A Rede Globo é famosa pelas suas novelas, e sua história sempre foi marcada pela grande audiência, composta por milhares de brasileiros ansiosos por finalmente descobrir quem matou Odete Roitman, ou Lineu Vasconcelos, ou Max, de Avenida Brasil. Após o sucesso da última novela das nove, todos sabiam que não seria fácil superar a trama de João Emanuel Carneiro. O que a Globo não esperava é que a novela seguinte obtivesse tão pouca audiência como Salve Jorge tendo.

Segundo o IBOPE, a novela de Glória Perez não consegue passar dos 30 pontos de audiência, enquanto Avenida Brasil conquistava médias acima de 40. De acordo com o jornal Folha de São Paulo, a Globo estaria inclusive pretendendo acabar com a novela antes do previsto, caso não houvesse nenhuma melhora nos números.

Em busca de audiência, Salve Jorge tem apelado para a interatividade. No site da novela é possível acessar vídeos com depoimentos dos atores, cantando músicas da trama e apresentando seus núcleos, além de ler sobre cenas importantes que ainda acontecerão na novela, como é o caso da personagem Jéssica (Carolina Dieckmann) que deve ser assassinada nos próximos capítulos.

Mas o apelo maior de Glória Perez tem sido através das enquetes, nas quais o público decide ações que serão realizadas pelos personagens da novela. Na última enquete lançada, os telespectadores escolheram qual golpe Morena (Nanda Costa) deveria aplicar em Wanda (Totia Meirelles) na briga que elas terão logo após a morte de Jéssica. A joelhada foi a campeã, com 35% dos votos. As outras opções eram soco, chute, cabeçada e telefone (tapas nas duas orelhas).

O tema dessa enquete não foi escolhido por acaso, já que uma das cenas que obteve maior audiência foi a cena da primeira briga da mocinha Morena e da traficante Wanda. E o que a emissora espera é que mais brasileiros decidam assistir a cena da segunda briga, que vai ao ar na próxima terça-feira (22), para que audiência da primeira seja superada ou, no mínimo, repetida.

Logo quando a TV Digital foi instalada no Brasil, todos previram que a interatividade seria o futuro da televisão brasileira. De modo que as emissoras começaram a buscar meios, principalmente através da internet, para que a população participasse cada vez mais da programação. A novela Salve Jorge está apenas seguindo esse fluxo quando decide aumentar a participação dos telespectadores na trama. Mas se essa moda pegar ainda veremos muitas enquetes incentivando uma interatividade do mal, que faz apologia à violência. Que Jorge nos Salve desse futuro.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

ESPERANÇA POR DIAS MAIS BELOS


O novo prefeito, ACM Neto, assumiu a administração de Salvador, há exatos quinze dias. No novo emprego, ele resolveu arregaçar as mangas e colocou a Transalvador para organizar o trânsito na orla da Barra e multar os motoristas que estacionaram os seus carros em locais proibidos. Coisa que não acontecia na gestão do seu antecessor, João Henrique.

Na última quinta-feira passei pelo Farol da Barra para ver como estava a situação por lá. Além da Transalvador, muitos agentes e prestadores de serviço da prefeitura trabalhavam ativamente no local. Até um carro Pipa lavava as calçadas nos arredores de um dos mais famosos cartões postais da capital baiana.

A escala de trabalho da redação me deu sábado e domingo de folga. Aproveitei os dias ociosos e fui para Aracaju, Sergipe. Já conhecia a cidade sabia da sua organização, mas ela me surpreendeu bastante dessa vez. Nas outras oportunidades em que estive na cidade, a orla estava arrumada, mas as opções de bares e restaurantes eram poucas. Dessa vez, existem casas comerciais desse tipo, praticamente de ponta a ponta da avenida. Além disso, o clima a noite é bastante agradável.

A orla da capital sergipana só peca num ponto e no aspecto natural. O mar é feio, não é azul, nem verde. Tem aparência de areia remexida pelas ondas, o que tira bastante a beleza. Mas a noite, no escuro, quando o mar não aparece, a beleza artificial da orla sobressalta causando uma ótima sensação para quem vive a noite da cidade.

Salvador é uma cidade abençoada pela natureza. O mar é azul e nessa época de verão, quando o sol é mais forte, deixa a água brilhante. O corte geográfico das praias, as pedras em alguns pontos do mar dão um belo toque na pintura. Mas ao contrário de Aracaju, a orla da capital baiana encontra-se num estado deplorável. Aliás, a orla nunca teve um projeto decente, que organizasse o local.

Pelo menos um primeiro passo, ACM Neto indica que deu. Botar ordem no trânsito da orla, com rigor, já cria uma esperança por dias melhores. A expectativa agora é de que o novo prefeito siga incansável no seu trabalho de recuperação da cidade com o pulso firme. E os baianos possam sonhar com uma orla decente, bonita e agradável.


segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

GOVERNO CHÁVEZ: DITADURA?


 
Hugo Chávez ocupa o cargo de presidente da Venezuela desde 1999, e foi eleito no ano passado para mais um mandato de cinco anos, que termina em 2019, ou seja, caso ele se recupere e tome posse, serão vinte anos no poder se reelegendo a cada cinco anos. Suas reeleições são um sinal que, em sua soberania, o povo venezuelano assim preferiu, o que sinaliza que existem melhorias no país suficientes para que ele permaneça. 

Porém apesar de ter algumas realizações e ser democraticamente escolhido, o governo Chávez tem atitudes típicas das piores ditaduras. Todas as esferas do poder da Venezuela, como no judiciário, por exemplo, são comandadas por seus aliados. Os canais de TV que não lhe agradam são extintos, enquanto suas aparições são constantes nas emissoras do governo.

As mais recentes atitudes ditatoriais da democracia venezuelana estão relacionadas ao estado de saúde de Hugo Chávez, que deveria ter tomado posse do novo mandato na última quinta-feira, 10. Essas ações podem ser notadas, por exemplo, no fato de Hugo ter dito estar curado do câncer durante as eleições e também na escolha do país que ele foi tratar o câncer, Cuba, onde as informações sobre seu estado de saúde, em caso de piora, podem ser - estão sendo - abafadas.

Diante da dúvida criada na população, Nicolas Maduro, nomeado vice-presidente no mandato passado está ocupando o cargo de presidente de forma inconstitucional, isto por que o presidente é eleito sozinho e apenas quando acha necessário nomeia um vice. Segundo a constituição do país, o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello (que inclusive é partidário de Chávez), deveria assumir a presidência e convocar novas eleições para um prazo de trinta dias. Nessa situação, Hugo Chávez não seria candidato novamente e Maduro provavelmente ficaria com a candidatura. Na existência de um judiciário chavista, o descumprimento a constituição foi aceito.

Pode surgir o seguinte questionamento: Se Chávez foi eleito pelo povo, apesar de não ser o aceito pela constituição, a atitude de bom senso e respeito não seria aguardar a melhora de seu estado de saúde? Poderia até ser, mas nesse caso o mínimo era que uma junta médica confiável estivesse passando as informações do presidente, o que não está acontecendo.

Capa desta segunda do diário 'El Universal', da capital
Venezuelana, que diz "População tem direito a informações
sobre Chávez.
Resumindo, a situação é de desconhecimento do estado de saúde de Hugo Chávez, somado a Nicolas Maduro ocupando a presidência, sem ter sido eleito, sabe-se lá até quando, caracterizando um descumprimento a constituição, que por sua vez não é protegida pelo judiciário.

No cenário internacional surge um questionamento: No ano passado o então presidente do Paraguai, Fernando Lugo, sofreu um estranho impeachment decidido em horas, que apesar de ser viável dentro da constituição daquele país, a Unasul (União das Nações Sul-Americanas), declarou suspensão temporária do Paraguai por considerar aquele impeachment uma ruptura com a ordem democrática. E então chegamos ao questionamento: Se o Paraguai que agiu de acordo com sua constituição foi suspenso, porque não suspendem a Venezuela?  Os governos da América do Sul, inclusive o brasileiro, estão protegendo o governo Chávez, porque assim como ele, têm ideologia de esquerda? Os impasses seguem por tempo indeterminado.