quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

MUITO CUIDADO COM OS ELOGIOS


Seu Roni é o porteiro da vila onde eu moro, o tipo do cara que gosta de dividir as suas histórias. Um dia desses, ele me contou que tem dois sobrinhos, um é cientista político e o outro é estocador em uma fábrica de alimentos. O curioso é que o sobrinho estocador, tinha notas excelentes na escola e sempre ouvia elogios pelo seu potencial. Queria ser engenheiro. Todo mundo falava que ele seria um grande profissional. Já o irmão cientista político, que só passava de ano com dificuldade e nunca teve notas tão boas quanto as do irmão, sempre foi muito aplicado.

Já no final do ensino médio, o sobrinho por um momento até afirmou que antes do vestibular, preferia curtir a juventude, já que era bem inteligente ao ponto de decidir o futuro profissional quando quisesse. Terminou se perdendo no tempo, já que não realizou o sonho de ser engenheiro. Seu Roni falou que o sobrinho foi enganado pela ilusão dos elogios que tanto adorava ouvir.


Na vida, além da genética, trazemos as marcas da educação que recebemos, o que faz cada pessoa ter um perfil único. Mas há uma marca que está presente em quase todo mundo, o prazer em ouvir um elogio. 

Quem dispara um elogio, geralmente não tem como medir a intensidade dos impactos causados no receptor no momento exato em que a “flecha acerta o alvo”. Pra quem ouve, pode haver uma ausência total de raciocínio, uma ação reprovada pela razão. O elogio é um discurso tão perigoso, que deveria haver um manual de instrução tanto para quem pronuncia, quanto para quem recebe.

Eu não quero dizer que não devemos cativar o reconhecimento das nossas habilidades e virtudes, não há nada de errado no elogio verdadeiro, muito pelo contrário, se não houver excessos, essa é uma atitude justa e natural nas nossas vidas. Eu recomendo que você encare o elogio não apenas como uma forma de contemplação, mas que dali você também enxergue uma forma de incentivo e ensinamento em busca de um melhor rendimento.

Apesar de nos fazer bem feliz, o elogio pode alimentar demais o nosso ego, a ponto de dar vazão à prepotência e a soberba, nos levando ao orgulho. E é justamente aí que mora o perigo! Com a perda da humildade, vem à acomodação e consequentemente a perda da vigilância.


Minha tia fala que “o elogio é um beijo na alma”, mas vocês lembram a forma que Judas Iscariotes identificou Jesus Cristo aos soldados que vieram prendê-lo? Pois é, às vezes um beijo pode nos trair. O elogio pode ser um remédio para a autoestima, mas também um veneno letal para as nossas vidas. 


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