quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

OS “JORNALISTAS” DAS REDES SOCIAIS

Há alguns dias atrás, decidi visitar a minha mãe na escola onde ela trabalha, mas ela tinha saído para almoçar. Enquanto aguardava ela voltar, fiquei conversando com a secretária, uma senhora bem distinta, tão distinta que digitava com os dedos corretos sem olhar para o teclado. Durante o nosso papo ela me confessou que, enquanto jovem, tinha feito os cursos de datilografia e taquigrafia. Taquigrafia é a arte de escrever sobre qualquer coisa tão depressa como se falasse por meio de sinais e abreviaturas. Muito chateada, ela afirmou parecer que os jovens de hoje ainda fazem esse tipo de curso e praticam nas redes sociais, se achando jornalistas. Descobri depois que aquela senhora era uma jornalista aposentada.

Isso realmente tem ocorrido com frequência, mas nem sempre é um problema como deu a entender a minha mais nova amiga. É só lembrar da primavera árabe, quando ditadores foram destituídos do poder depois de décadas, isso ocorreu porque as pessoas, os jovens na maioria, conseguiram através das redes sociais, enviar notícias, fotografias e vídeos descrevendo a mísera situação em que viviam.

Mesmo não sendo adepto da publicação de fotos pessoais na internet, informando aos bandidos que já podem assaltar a minha casa, porque não estou lá, ou que podem me sequestrar na saída da Universidade, participo profissionalmente, e fico admirado com a força de comunicação das redes sociais, onde todos têm o direito, sem o dever, de falar o que bem entendem, ainda que seja um inocente “#partiu”.

Um bom exemplo da força dessa comunicação, aconteceu no dia 29 de setembro de 2012, quando chovia bastante e tinha faltado luz na minha casa durante quase todo o dia. Como não tinha muito o que fazer, acessei a minha conta do Facebook pelo meu celular e recebi, através de um amigo, a notícia da morte de Hebe Camargo. Depois acessei os sites de alguns jornais de credibilidade e descobri o horário, local e o motivo da morte da apresentadora. Se não fosse pela informação postada no Facebook, com certeza eu demoraria mais tempo pra saber o que tinha acontecido com a Hebe.

Preocupados com o aumento do uso dessas ferramentas e com o seu impacto na cobertura jornalística, os profissionais da área passaram a cada vez mais debater a realidade de que as pessoas muitas vezes são informadas do que acontece no mundo por meio das redes sociais. Alguns até afirmam que as redes sociais se tornaram geradoras de notícias, mas eu acredito que as redes sociais se tornaram geradoras de informações. Digo mais, sempre haverá espaço para o bom e velho jornalismo. Mesmo que as pessoas informem o que está acontecendo através de suas contas no Facebook ou Twitter, isso ainda não é jornalismo. Jornalismo requer apuração, contexto, esclarecimento, estudo, organização e critério que permitam opiniões pautadas em fatos incontestáveis. Não há motivo para tanta preocupação.

Especialistas que desenvolvem estratégias digitais indicam que hoje em dia, o leitor moderno, o internauta, quer saber por onde anda e o que faz quem escreve os textos que ele lê. Portanto, para contribuir com o esclarecimento do momento, informo que ao escrever esse texto, também estou assistindo ao “Altas Horas”, vestido em um short preto e com o meu notebook CCE info no colo. Ah, antes que eu esqueça: #partiu. 


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