quinta-feira, 28 de março de 2013

SALVADOR MEU AMOR ETERNO


Banhada pela Baía de Todos os Santos e uma homenagem ao Cristo Jesus, com águas mansas e o céu tingido por um azul luminoso, rica em artesanato, história e com vestígios que indicam a existência de populações pré-coloniais, coloniais e pós-coloniais. Miscigenação cultural e sincretismo religioso singular, patrimônio histórico e cultural da humanidade e ao mesmo tempo roteiro turístico particular dos seus habitantes, essa é a nossa Salvador, primeira capital do Brasil, que amanhã, 29 de março de 2013, completa 464 anos de fundação.

Apesar da manifestação de louvor à Salvador, é fundamental lembrar que vivemos em uma realidade onde são muitos os problemas enfrentados por quem mora aqui. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já somos mais de 2,7 milhões e a nossa capital apresenta problemas típicos de qualquer metrópole, com crescimento desordenado e ocupação urbana deficiente. Entre as questões, engarrafamentos cada vez mais constantes, ocupação de encostas, deslizamento de terra, favelização descontrolada e uma imperfeita distribuição de renda. Mas o pior de tudo é perceber a frustração compartilhada em cada olhar ou em cada coração, ruindo nossas expectativas e o princípio comum de que o passado e o presente são as chaves da ratificação do futuro.
Deixando um pouco de lado a tristeza causada pelos problemas, amanhã é dia de celebração, dia de lembrar que moramos em um cidade especial. Lembrar que apesar das adversidades, a aniversariante é multicolorida, ao mesmo tempo que é rubro-negra, também é tricolor. É conservadora, até os dias de hoje a estrutura física urbana original é do século XVI, a configuração urbana atual é a mesma que se vê na cartografia do fim do século XVII e começo do XVIII. É tropical, com a maior área litoral do país.
Outro adjetivo que caracteriza bem o sentimento por Salvador é a singularidade, vocês conhecem alguma outra cidade de dois andares? Sem contar o grande número de sobrados seculares. Aqui é também a capital da alegria, com a maior festa popular do mundo. É saborosa com os seus quitutes, acarajé, abará, moquecas, bolinho de estudante e o bom e velho picolé da Capelinha. Com tantos jardins – Alá, Apipema, Armação, Brasil, Brasília, Lobato, das Margaridas, Santo Inácio e Nova Esperança - a cidade é verdadeiramente a extensão das nossas casas.


Tudo em Salvador é especial e diferente. Aqui não existe sinais de trânsito, existem “sinaleiras”. Que pelada nada, domingo de manhã é dia do “baba”. E se no “baba” o cara faz muitos gols, ele é “brocador”. Frescura é “chibiatagem”, bagunça é “mulequeira”, as coisas não são legais, são “massa”. E se em outros lugares os amigos se reúnem para confraternizar e encher a cara, o soteropolitano “come água”. No café da manhã não pode faltar o “pão de sal”, e se não conhece a pessoa do lado, então o nome é “coisinha” mesmo. Um soteropolitano não é talentoso, ele é “miserê”. O show pode ser de axé, pagode, rock, samba, arrocha, não importa, no final todo mundo diz que vai para o reggae.


Agradeço a Deus por ter nascido em Salvador, trajeto de todo o meu passado e esboço de um futuro irrigado por encantos e magias, onde a natureza e a alegria reinam. Meu cantinho de comer, de chover e de viver. Encho o peito de orgulho e digo que essa cidade é linda demais. Em qualquer lugar do mundo que eu esteja, sempre voltarei para buscar a minha verdadeira paz. Salvador, seja feliz pelo seu aniversário. Parabéns!

segunda-feira, 25 de março de 2013

PERDEMOS AO ASSISTIR SÓ ESPORTES ONDE VENCEMOS


Sabe quando crianças estão jogando alguma coisa, e uma começa a perder com frequência e ao invés de tentar aprender, logo desiste? Esse é o comportamento do brasileiro quando falamos de acompanhar esporte. Encontrar quem curte e assiste um esporte por verdadeiro prazer, independente do sucesso de brasileiros, está ficando raro. Esse abandono do público resulta dentre outras coisas na queda da formação de novos atletas, falta de patrocínio, sem falar da decadência contínua enfrentada por alguns esportes. Das quadras, pistas, ringues e piscinas, podemos tirar algumas lições de como os resultados influem em nossa forma de acompanhar o esporte.

TÊNIS E AUTOMOBILISMO EM QUEDA

Guga ao vencer Roland Garros pela 3ª vez / Getty Images


O tênis há pouco mais de dez anos era febre, com o sucesso de Fernando Meligeni e principalmente de Gustavo Kuerten, que foi tricampeão de Roland Garros e número 1 do mundo. Porém, com o fim de suas carreiras e a falta de um nome que ocupasse esse espaço vazio, boa parte do público deixou o esporte de lado. Isto restringiu o tênis à programação da TV paga, sendo visto apenas por um público que realmente curte o esporte, dificultando que outras pessoas conheçam e passem a gostar. 

Com isso, a motivação de quem poderia ter sido um novo grande talento, ficou num futuro que não veio. No ranking mundial de jogadores da ATP (Associação de Tênis Profissional), o melhor brasileiro é Thomaz Bellucci, que ocupa apenas a 40ª posição. No ranking feminino o desempenho é ainda mais preocupante com a 118ª posição para Teliana Pereira, a brasileira melhor colocada.

Quem também está indo nesse caminho é a Fórmula 1, que apesar de modernizar-se e ficar mais emocionante a cada ano, está perdendo espaço no país, já que desde Senna em 1991 um título mundial da categoria não vem para o Brasil. Na última corrida, disputada na Malásia nesse domingo, 24 de Março, Felipe Massa largou em 2º e acabou terminando em 5º. Então pergunto, se ele ganha? Acredito que seria um alvoroço o domingo inteiro na TV, redes sociais e capas de jornal no dia seguinte. Ele sequer foi ao pódio, mas a corrida foi boa, valeu a pena acordar 4h45 da madrugada de um domingo para ver a disputa entre Sebastian Vettel e Mark Webber, sendo ambos da mesma equipe, inclusive para repensar, porque os brasileiros não têm a mesma coragem.

Apesar da Stock Car e de outras categorias que contam com brasileiros, o desgaste que o Brasil foi tendo na Fórmula 1, somada a administrações ruins, resultam num cenário grave no automobilismo brasileiro, como falou o bicampeão mundial Nelson Piquet, em entrevista recente ao SporTV: “Não há automobilismo no Brasil. Há muita desorganização. Ninguém se mostrou capaz, no cenário atual, e estamos piorando cada vez mais. Daqui a alguns anos, não haverá um representante brasileiro competindo na Europa em categorias que podem levar à F-1”.

O RENASCER DO BASQUETE E O SUCESSO CHAMADO VÔLEI

A geração de Oscar, Paula, Hortência e Janeth foi brilhante. O basquete masculino ganhou os Jogos Pan-americanos de 1987 dentro dos EUA e o feminino venceu Cuba nos jogos de sua capital, Havana, em 1991. Somado a isso, a prata e o bronze nos Jogos Olímpicos de 1996 e 2000, respectivamente.  Mas depois disso veio um geração perdida.

Momento épico em que Hortância e Paula recebiam
o ouro panamericano das mão de Fidel Castro /
Foto de autoria desconhecida
O feminino ainda busca se reencontrar, sob o comando de Hortência, atual dirigente da Seleção Feminina. O masculino começa a se reerguer, graças aos bons jogadores da NBA e com a criação do NBB (Novo Basquete Brasil) um liga nacional que vem ganhando cada vez mais prestígio. Nos últimos Jogos Olímpicos, de Londres 2012, o Brasil foi eliminado nas quartas de finais, após um jogo duríssimo contra a Argentina, que venceu com apenas cinco pontos de vantagem.

Já com o vôlei o caminho foi inverso, ele foi gradualmente ascendendo, até ser, acredito eu, o segundo principal esporte do país. O esporte foi ganhando espaço no final da década de 80 e se mostrou de fato no último dia das Olimpíadas de Barcelona em 1992 – curiosamente no dia em que eu nasci – quando a seleção masculina conseguiu a primeira medalha de ouro do país em esporte coletivo. Mais que isso, o vôlei conquistou a simpatia do país. Daí foi só crescimento, sendo hoje uma seleção com dois ouros e três pratas olímpicas, três títulos mundiais e nove da liga mundial.

Assim como no masculino, o reconhecimento ao vôlei feminino do Brasil só veio depois de um título olímpico, em 2008. No começo dos anos 2000, quando a seleção masculina não parava de vencer, no lugar do apoio, a seleção feminina recebia uma chuva críticas, num imediatismo que visivelmente afetava o emocional da seleção. Com os dois títulos olímpicos consecutivos, hoje as criticas começam a se voltar para a seleção masculina, que vive uma dura transição, com a saída de uma geração de ouro. 

Apesar de tudo, o apoio iniciado em 1992 faz com que hoje o Brasil tenha ligas fortes, no masculino e no feminino, com o surgimento da Superliga que hoje é um sucesso com transmissão em horário nobre na TV paga, e transmissão em TV aberta durante a fase final.

A QUEDA DO BOXE E A ASCENSÃO DO MMA

Após o crescimento do UFC com a presença de brasileiros,
cenas como os títulos de Popó voltarão a ser vistas
por aqui? / Foto de autoria desconhecida
Se tem uma modalidade que já fez sucesso sem depender da presença brasileira é o boxe, que nos anos 90 criava um alvoroço em noites com Holyfield ou Mike Tyson. Naquele tempo o grande nome do país era Maguila, que tempos depois perderia sua soberania no país para Popó, que chegou a ser tetracampeão mundial. Sua pausa abriu espaço para o MMA, que deixou de ser o antigo vale tudo, passando a ter regras que preservasse um pouco mais da integridade física do atleta. O crescente sucesso de atletas como Anderson Silva, Vitor Belfort e os irmãos Minotauro e Minotouro impulsionaram o torneio UFC no país, tornando-lhe uma febre que chegou à TV aberta, ocupando o espaço que um dia foi do boxe, as madrugadas de sábado para domingo. 

Esse é um grande exemplo de como a presença brasileira influencia. Caso um brasileiro emplacasse no boxe logo após a pausa de Popó, será que o MMA cresceria tanto? Apesar de essas duas modalidades terem muitos admiradores em todo país, o fator decisivo para a valorização deles é o público que aprecia só se tiver Brasil.


NINGUÉM É OBRIGADO...

... a apreciar e assistir todos os esportes, mas se temos aqueles em que há uma afinidade, precisamos entender que esporte é lazer, portanto, não precisa haver imediatismo e críticas exageradas. Por mais chato que seja não estar por cima às vezes, criticar demais prejudica mais que ajuda.

Phelps, "apenas" com as 8 medalhas de Pequim 2008.
Ele levou 20 em 3 olimpíadas,  se tornando o maior vencedor
 da história do jogos / Foto de autoria desconhecida
Vale também não abandonar uma modalidade que você gosta de ver, porque seu país não tem um atleta de ponta naquilo. Isso faz com que assistir alguns esportes tenha se restringido aos Jogos Olímpicos a cada quatro anos. O maior nadador da história, Michael Phelps, se aposentou no ano passado, e só pudemos assistir ele três vezes: Olimpíadas de 2004, 2008 e 2012. Quantos talentos brasileiros não poderiam ter surgido, se fossemos maduros o suficiente para ver e aprender com o sucesso de um grande atleta dos EUA? 

Parece inacreditável não se falar nada por aqui sobre atletismo, o mais antigo conjunto de atividades esportivas da humanidade. Ridiculamente nos damos o direito de criticarmos atletas como Fabiana Murer, do salto com vara, e Maurren Maggi, que nem com o ouro de 2008 conseguiu impulsionar o salto em distância, que outrora já brilhou com João do Pulo. Somos um país que se surpreendeu nos Jogos de Londres com Yane Marques, não com seu bronze, mas por saber que existe um esporte chamado Pentatlo Moderno.

Somos o país das próximas olimpíadas, mas não faço ideia de quando seremos um país olímpico.


quinta-feira, 21 de março de 2013

FELIZ ANIVERSÁRIO SENNA!!!



“Juro que não entendo esse amor incondicional, em 1994 você ainda não tinha a compreensão exata da realidade, a única imagem que você tem dele em mente, enquanto ainda estava vivo, é o dia do acidente em que ele morreu”. Esse é o questionamento repetido por minha mãe, todas às vezes que entra no meu quarto, e me vê com os olhos marejados, assistindo qualquer novo vídeo ou lendo um novo texto que encontro relacionado a Ayrton Senna.

Na galeria de ídolos e heróis que tenho em meu coração, Ayrton Senna, ao lado de Gheorghe Hagi, meio campista da Romênia, são os únicos que não vi atuando em suas modalidades, talvez seja essa a explicação para o questionamento da minha mãe, toda essa admiração é saudade do que não vivi. Mas confesso que o sentimento por Ayrton é ainda maior em qualquer comparação, em qualquer tempo e/ou condição, ele é um herói, e mais do que isso, um herói do Brasil.

Sua representação é muito maior que sua pessoa. Senna não foi apenas um atleta extraordinário, não foi apenas aquele que se destacou nas pistas como um grande campeão, ele se consagrou como uma lenda, como um ídolo. Senna era uma referência nacional, a figura consistente da transição de um Brasil sofrido para um Brasil vitorioso, vencedor. Através dele concretizávamos o nosso potencial, enxergávamos em cada curva, em cada ultrapassagem, em cada bandeira quadriculada sendo tremulada, o desenho pintado em verde e amarelo de um futuro possível, ainda que fosse apenas durante o tempo exato de uma corrida.


Senna foi uma pessoa iluminada, um ser humano de alma colorida e com um coração irradiante, um ecônomo na essência. Em vida, sem que ninguém soubesse, ele financiava instituições de caridade. Até a sua morte beneficiou a vida de outras pessoas, já que novas normas de segurança foram implementadas na Fórmula 1, novas barreiras, curvas integralmente redesenhadas, altas medidas de segurança e até o cockpit dos pilotos foram mudados, tudo ligado diretamente ao acidente que o vitimou. Sem contar o Instituto que leva o seu nome, a concretização do sonho de Ayrton em ajudar o seu país a diminuir as desigualdades sociais, ajudando a qualificar a educação pública oferecida a crianças e jovens. Sua força interior e disciplina, sua liderança e coragem também são inspiradoras.


Muita gente fala que após a morte, as pessoas deixam de fazer aniversário, passam apenas a completar idade. Mas Ayrton não está morto, pelo menos é o que grita o meu coração. Por isso, eu comemoro os seus 53 anos de idade, completados neste 21 de março de 2013. Porque comemorar um aniversário é ser grato ao passado e esperançoso quanto ao futuro. Não é nenhuma curva de Tamburello que vai fazer eu não lembrar do meu ídolo. Mais que um fã de Fórmula 1, eu sou fã de Ayrton Senna do Brasil.

                                    



quarta-feira, 20 de março de 2013

PAI DO JORNALISMO LITERÁRIO NO BRASIL


A arma é apontada em sua direção. O dedo pressiona o gatilho, ouve-se o som do disparo, ele sente a bala perfurar seu corpo. Não poderia ter imaginado que depois de tudo que aconteceu nos seus 43 anos de vida, depois de ter feito a cobertura de uma guerra, ter sofrido com pneumonia, tuberculose, malária, ele morreria justamente pelas mãos do amante da sua mulher.

Ocupou a cadeira de nº 7 da Academia Brasileira de Letras, chegou a atuar na presidência da academia, mas por curto período; tornou-se sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; trabalhou na Superintendência de Obras Públicas de São Paulo; aposentou-se como tenente do exército; atuou como jornalista correspondente para o jornal ‘O Estado de S. Paulo’; imortalizou seu nome com a publicação de um dos clássicos da literatura brasileira, “Os Sertões”.

Publicado em dez idiomas, seu livro narra a Guerra de Canudos, que aconteceu em 1897 no interior da Bahia e foi o primeiro acontecimento histórico brasileiro a ter cobertura diária da imprensa. Em “Os Sertões” ele destaca a psicologia do sertanejo e seus costumes, com riqueza de detalhes. Depois da experiência no sertão baiano, ele apresenta projetos que incentivam a criação de açudes para resolver o problema das secas no Nordeste. Enquanto ainda era vivo, seu livro chegou a ter três reedições.

Por ter sido baseado em reportagens, que inicialmente foram publicadas no jornal ‘O Estado de S. Paulo’, “Os Sertões” é considerado o primeiro indício do jornalismo literário. Antes mesmo de “A Sangue Frio”, de Truman Capot, que teria sido publicado anos depois, e marcado o início do New Journalism – chamado de Jornalismo Literário no Brasil, por misturar técnicas jornalísticas com elementos literários.

Euclydes da Cunha nasceu no Rio de Janeiro em 1866. Casou-se com Ana Emilia Ribeiro aos 24 anos de idade, pouco antes de se formar no curso de Engenharia Militar. Durante o casamento, Ana deu à luz seis crianças, sendo que duas delas não haviam sido geradas com seu marido e sim com o cadete Dilermando de Assis, seu amante.

Ao atirar em Euclydes, Dilermando tirou a vida não só do pai que criou o seu filho, Luís Ribeiro.  Naquele dia, 15 de agosto de 1909, o cadete do Exército silenciou o engenheiro, o poeta, o repórter, o escritor, o pai do jornalismo literário no Brasil.


terça-feira, 19 de março de 2013

FÉRIAS: O GRANDE INIMIGO DA ACADEMIA



A família da médica Nadine Arbex adora viajar, pelo menos uma vez por ano eles estão de malas prontas e com passagens na mão. No retorno de todas as viagens a história se repete. “Eu não consigo voltar de imediato para a academia. Geralmente eu sempre volto depois do Carnaval ou do São João”, confessou a doutora.

“O grande vilão das academias são as férias”, disse Vitor, administrador da Academia Hammer, na Pituba. De acordo com ele, a queda no número de alunos matriculados se dá entre os meses de dezembro e fevereiro e entre junho e julho. Isso acontece porque a maior parte do público dessa academia é composta por adolescentes e idosos. Durante as férias, eles viajam com suas famílias e só retomam suas rotinas, incluindo as atividades físicas, nos meses de março, abril e agosto. “Nesses meses a academia volta a sua média normal de matriculados, mas o crescimento é baixo”, completou.

Crédito: Divulgação / Academia Complexo B Fitness Club
Este cenário é o mesmo encontrado na Academia Complexo B Fitness Club, no bairro de Stella Maris. Por também atender um público basicamente família, o número de mensalidades pagas nos meses de dezembro e janeiro cai bastante. Porém, a auxiliar administrativa Nathália Telmo conta que as férias de junho e julho não interferem muito na receita da empresa. Já na academia Family, a maré baixa de alunos é um pouco maior, já que o público é composto mais de jovens com idades entre 25 e 30 anos. “O retorno dos alunos começa a se dar mais no mês de abril”, disse o instrutor Sandro Andrade. Essa pequena seca de alunos volta a acontecer nos meses de julho e agosto. E o fôlego só é recuperado a partir de setembro, se mantendo em alta até o fim do carnaval. Porém além dos antigos, a academia recebe uma boa quantidade de alunos novos.

Essa época de baixa no número de alunos é facilmente contornada pelas grandes academias. Porém, a situação fica bastante complicada entre as academias menores. A Foca’s Academia, localizada no Rio Vermelho, sofre uma grande perda neste período das férias, entre dezembro e fevereiro, e segundo o proprietário João Ladislau, esse número chega a 40%. Outra grande diferença da Foca’s é que se trata de uma academia aquática, oferecendo aulas de natação e hidroginástica para todas as idades. “O custo de manutenção das piscinas é muito maior do que uma academia normal. Todos os dias temos que botar cloro, gastamos muito também com o aquecimento delas. Já as outras academias o custo é basicamente lubrificante e cabo de aço”, explicou professor Ladislau, que dá aulas de hidroginástica na academia. “Já temos 5 anos no mercado, mas sempre muito complicado manter o balanço com essa queda no período de férias”, completou.

SAÚDE X ESTÉTICA

Apesar de ter se tornado mito de que o baiano não volta para a academia depois das grandes festas sazonais como Carnaval e São João, Vitor diz que a quantidade de alunos que frequentam academia com foco na saúde ainda é de 50% em relação aos que praticam atividade física com vista na estética. “Existem alunos que só procuram a academia no mês de agosto pensando no verão”, disse.                                                                            

Já Nathália vê a ligação do soteropolitano com a atividade física com mais otimismo. “Pelo que eu vejo no meu trabalho, o Salvador está criando a cultura da busca pela qualidade de vida, pela saúde”, analisou.
A personal trainer Carlla Sicupira, que treina estrelas da música baiana, como Claúdia Leitte, Léo Santana e Tomate, explica que malhar somente para o verão não adianta. “Ao contrário do que as pessoas pensam, no verão não é a hora de você procurar um personal trainer. Você tem que procurar o personal antes, pra você preparar o corpo. No verão você tem que estar pronto”.

Crédito: Arquivo Pessoal
Para quem busca um corpo saudável e entrar em forma, Carlla dá umas dicas. “O segredo é, a primeira coisa, tirar da cabeça esse imediatismo. O corpo é uma máquina que trabalha num ritmo dele e certo. Não adianta a gente querer que ele faça uma coisa, que não vai fazer. Primeiro ponto, determinação. É você saber realmente o que você quer, o que você precisa. Alimentação é fundamental. E ter rotina. Fazer disso um hábito na sua vida. Atividade física tem que ser igual a você ir pra sua escola, ir pra sua faculdade, ir pro seu trabalho, tem que fazer parte de sua vida, que aí ela vai se tornar prazerosa pra quem não gosta.”, disse a professora de Cláudia Leitte. “Os resultados vem a longo prazo”, finalizou.



segunda-feira, 18 de março de 2013

PAÍS DOS PALIATIVOS ETERNOS



Nas primeiras horas dessa segunda-feira, 18 de março de 2013, dezenas de pessoas perderam suas vidas após as chuvas no estado do Rio de Janeiro.  Princípio de texto quase repetido com um de 31 de janeiro de 2011, chamado ‘Lições do Rio’, quando eu ainda escrevia esse blog sozinho. Naquela época, publiquei que as chuvas já haviam levado centenas de vidas naquela região, e que uma vez que ela se repetia todos os anos, porque não se buscava evitar tantas mortes? Encontrei a resposta: Vivemos no país dos paliativos eternos.

A expressão paliativo vem da medicina e aplica-se em diversos setores de nosso país, é definida como “ação de eficácia momentânea e incompleta; meios ou métodos que trazem melhoras, mas não eliminam a causa”. E uma vez que só se corrigem as consequências das causas, além das vidas perdidas, os gastos com as reconstruções são enormes. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), cada dólar investido em prevenção poupa sete dólares gastos em reconstrução.

Região Serrana do Rio na manhã desta
segunda, 18 de março.
Foto: Site do Jornal do Brasil
O Rio de Janeiro é o maior exemplo disso, todos os anos são gastos milhões em reconstruções, num ciclo sem fim: As chuvas caem, dezenas morrem, o governador aparece na TV fazendo cara de consternado e anuncia reconstrução. Daqui a uma semana todo mundo que têm alguma influência para cobrar das autoridades termina esquecendo. De vez em quando o país impressiona-se com um Zeca Pagodinho ajudando as vítimas, elogia ele por uns dias, e pronto. As ações emergenciais,  sejam do governo ou da população, continuam parecendo a resolução do problema por inteiro.

A solução para a causa - no caso do Rio de Janeiro provavelmente a geografia da região - quando estudada e tendo uma solução encontrada, geralmente termina numa gaveta. Tempos depois as autoridades tornam a dizer que a tragédia foi uma fatalidade inesperada.

PALIATIVO NOSSO DE CADA DIA

Engana-se quem pensa que essa prática resume-se a ações emergenciais, isso está enraizado em nosso dia-dia. E o pior, a sociedade contribui diretamente nisso. Um bom exemplo disso são as cotas, sejam elas raciais ou sociais. Não vou entrar muito nesse debate, pois isso é um assunto que rende até um outro texto, mas a grande realidade é que estamos perdendo muito tempo debatendo isso!


A cota é mais um paliativo que está se eternizando, porque pouco se discute as soluções para a educação. A favor ou contra as cotas, todos sabemos que não é o certo o estudante entrar na universidade com uma base ruim, e perde-se tempo numa picuinha onde em qualquer um dos resultados não se atinge o ideal, que é um ensino público de qualidade desde a primeira infância.

Outro exemplo é o programa Bolsa Família. Ótimo que muita gente, que não tinha sequer uma refeição diária, está se alimentando. Excelente que a qualidade de vida de grande parte da população tenha dado um salto, mas as pessoas precisam ganhar independência. Na última eleição vimos candidatos que são historicamente contra o bolsa família, não só prometendo manter, como sendo quase carregados pelo povo por conta disso, que por mais necessário que seja, é um atestado de dependência.

Claro que não se deve acabar repentinamente com o Bolsa Família, isso deve ser algo gradativo, até porque existem pessoas de maior idade, que não tem mais condições de correr atrás de um sustento digno. Mas quem é jovem e depende disso deve ser educado a criar sua independência. Incentivar o empreendedorismo, por exemplo, é um ótimo caminho, pois é um conhecimento que gera resultados muito além de uma única pessoa, uma vez que isto gera empregos, ajuda a movimentar a economia e por aí vai.

São muitos os paliativos em nosso dia-dia, mas muita gente, ao se deparar com uma proposta de mudança de realidade, diz logo: Utopia! Caso se pense com imediatismo sim, mas gerar mudanças em assuntos como os abordados aqui levam tempo. Porém, ainda que as mudanças venham aos poucos, vale a pena não se acomodar em ver o que é errado quieto. Para isso não é necessário reservar um dia, ir para a rua, protestar, falar mal de político e achar que pronto, salvei o mundo. Por mais simbólico que isso seja para mostrar que existem pessoas mobilizadas, é outro paliativo. A mudança vem no dia-dia, contribuindo com a nossa realidade, ao fazermos com o que qualquer lixo ao nosso redor não seja jogado para debaixo do tapete.


quinta-feira, 14 de março de 2013

HOMEM DE VERDADE NÃO BATE EM MULHER


No Brasil, uma em cada cinco mulheres afirmam já terem sofrido qualquer tipo de violência dentro de casa, e o pior de tudo, em 81,3% dos casos registrados, a agressão parte dos próprios namorados ou maridos, tornando o sofrimento, moral ou físico, ainda maior. Em uma iniciativa, notável, para motivar o debate sobre o tema e desenvolver a conscientização sobre dados tão alarmantes, um dos maiores grupos financeiros do mundo, o Banco Mundial, lançou em 1º de março de 2013, uma campanha contra a violência com as mulheres, chamada de “Homem de verdade não bate em mulher”.

A campanha coletiva, que além de lutar pelo fim da violência doméstica contra as mulheres, busca acabar com o conceito errado de que a Lei Maria da Penha é uma legislação contra os homens e principalmente a igualdade dos sexos. O Banco Mundial acredita que os homens não se tornam indignos diante à promoção dos direitos femininos. Muito pelo contrário, estudos oficiais comprovam que relações equilibradas são boas para mulheres, homens e principalmente para a estrutura familiar.


Alguns famosos, como os atores Cauã Reymond, Gabriel Braga Nunes, Thiago Fragoso e Rodrigo Simas, além do judoca Flávio Canto e cantor Diogo Nogueira, atenderam o convite e posaram segurando um cartaz com a mensagem da campanha. A única participante é Maria da Penha Maia Fernandes, para quem não lembra, ela é uma enfermeira que foi agredida pelo marido durante seis anos e passou por duas tentativas de assassinato por ele. Apesar disso, o julgamento do seu agressor durou quase 20 anos e ele só ficou preso em regime fechado por apenas dois anos. Maria da Penha acabou dando nome à lei em favor das mulheres.

Foi assinado em Brasília, no ano passado, um Compromisso Nacional com a intenção de aprofundar o enfrentamento da violência física, psicológica, sexual e econômica contra as mulheres. Mas os esforços não se restringem apenas ao poder público, é preciso a colaboração e o engajamento de todos, para que essa crime que amedronta e violenta a nossa realidade, seja exemplarmente combatido.

A campanha foi lançada no site oficial do Banco Mundial no Brasil, e o Opinião Pro Mundo apóia essa campanha. Eu te convido a mostrar o que é ser um homem de verdade. Participe através das redes sociais, é simples, basta tirar uma foto segurando um cartaz com a frase “Homem de verdade não bate em mulher” e postar no Instagram ou no Twitter citando o Banco Mundial usando (@worldbanklac). Usem a hashtag #souhomemdeverdade. Pelo Facebook também tá valendo, viu? Contamos com a sua participação.

quarta-feira, 13 de março de 2013

A PIADA PRONTA DO PAPA ARGENTINO


Dos campos de futebol para a Basílica de São Pedro, no Vaticano, brasileiros e argentinos disputaram mais um título. Mas, desta vez, os hermanos levaram a melhor. Foi decidido nesta quarta-feira (13), que o cardeal que vai substituir o Papa Emérito Bento XVI, não é Dom Odilo Sherer, como esperavam os brasileiros, e sim Jorge Mario Bergoglio, um argentino.

A decisão do conclave foi aguardada não só pelos católicos, mas por todos aqueles que viam a possibilidade de ter seu país representado na história do Vaticano. Da fumaça branca, que anunciava que a Igreja havia escolhido o papa, até a primeira aparição de Francisco, como o hermano quer ser chamado, internautas de todo o mundo expressavam seus comentários sobre o assunto através das redes sociais.

No twitter, a hashtag #FumaçaBranca ocupou primeiro lugar entre os tópicos mais comentados no Brasil. Nos trending topics mundiais, as hashtags #HabemusPapam (“temos papa”, em latim) e #whitesmoke, também estiveram presentes. Mas foram os comentários bem humorados sobre a antiga richa entre brasileiros e argentinos que monopolizaram o feed de notícias no Facebook e a página inicial do Twitter.

“Hoje o Vaticano nos deu uma piada pronta que vai encher o saco nas redes sociais de tanto que vão fazê-la nos próximos dias: Papa Argentino”, tuitou um brasileiro. “É... rezar para a Argentina perder na Copa vai ser mais difícil agora”, disse outro internauta. Até mesmo personalidades, como o comentarista esportivo, Milton Neves, aproveitaram o momento para fazer piada com os hermanos. “Em sua primeira decisão o Papa Bergoglio mudou o nome de Missa para Messi em todas as igrejas do mundo...”, publicou Milton, em seu perfil do Twitter.

O novo papa, que já foi apelidado de Chico pelos brasileiros, também foi inspiração para vídeos humorísticos e montagens engraçadas. Entre eles, destacam-se o clipe do “Papa Americano” e a foto do “Papa Latino”.

      
Apesar dos comentários bem-humorados terem predominado, também houve aqueles que se lembraram da importância da escolha do novo papa para a sociedade, como o deputado Marcelo Nilo. Outras personalidades, o deputado Jean Wyllys e a apresentadora Astrid Fontanelli, aproveitaram para criticar algumas posições do papa que já foram divulgadas.

O humorista Rafinha Bastos por sua vez, sintetizou as opiniões dos internautas em menos de 140 caracteres: “Papa para o mundo: uma figura importante, poderosa, influente e única. Para a Argentina: apenas mais um argentino”, publicou em seu twitter.

segunda-feira, 11 de março de 2013

COREIAS: UMA NOVA GUERRA PARA O VELHO CONFLITO?


Com fim do armistício que encerrou a guerra das Coreias na década de 50 e o corte da única linha de comunicação existente entre os países, vem novamente a tona uma crise histórica, que tem origens na Segunda Guerra Mundial. A atual troca de farpas, motivada pela ameaça dos norte-coreanos em utilizar suas supostas armas nucleares, recupera um pouco do clima de instabilidade que existia na Guerra Fria, quando Estados Unidos e União Soviética diziam ter armamento suficiente para destruir a terra várias vezes. Passemos a entender esse conflito desde sua origem.

A ORIGEM DA SEPARAÇÃO

O controle da região onde hoje existem duas coreias sempre foi instável, tendo sido durante um tempo dominado pela China. No começo do século XX, o Japão passou a ter posse do território, impondo uma forte dominação militar e até mesmo a substituição do coreano pelo japonês. Esse domínio caiu após a derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial, e os vencedores, Estados Unidos e União Soviética, apesar de concordarem com a necessidade da independência da região, queriam impor a sua forma de governar.

Em 1948 decidiu-se: Ao norte, existiria uma Coreia socialista influenciada pelos soviéticos, e ao sul, uma Coreia capitalista influenciada pelos estadunidenses (imagem 1). Um fracasso, pois a partir daí surge o primeiro grande conflito pós-guerra. Na tentativa de reunificar o país, que formaria uma única Coreia socialista, os norte-coreanos invadem o sul, e em apenas quatro meses tomam quase todo o território (imagem 2). Insatisfeitos os Estados Unidos, através do Conselho de Segurança da ONU, conseguiram apoio das Nações Unidas para ajudar a Coreia do Sul, uma vez que a URSS boicotava o conselho. Em apenas dois meses o quadro se modificou completamente, e a Coreia do Sul passou a ocupar a maior parte do território (imagem 3).




A insatisfação mudou de lado, e o regime comunista da China, não querendo a influência capitalista em suas fronteiras, colocou seu exercito na guerra, fazendo com que a Coreia do Norte voltasse a ocupar a maior parte do território (imagem 4). A partir de então houve um conflito de trincheira, semelhante à primeira guerra mundial, e em 1953, foi assinada uma pausa no conflito, que deveria ser sucedida por uma solução definitiva. Solução que nunca foi encontrada, ou seja, tecnicamente ainda se está na mesma guerra iniciada em 1950, e que deixou resultados trágicos. Do lado capitalista, formado pela Coreia do Sul, Estados Unidos e ONU, cerca de 780 mil mortos. Do lado socialista, formado por Coreia do Norte e China, entre 1.2 e 1.5 milhões. Estimasse também que entre mortos e feridos existiam dois milhões e quinhentos mil civis.

DIFERENTES RUMOS

Hoje os países são tão diferentes que nem parece terem sido um só. A Coreia do Sul é uma potência, um país que investiu na educação e que deu certo, sendo um importante polo tecnológico, que inspira o mundo com seus setores de tecnologia, ciência  e transporte. Eles sediaram os Jogos Olímpicos de 1988, na sua capital Seul, e a Copa do Mundo de 2002, junto com o Japão.

Curiosidade: Nos jogos olímpicos de Sidney 2000 e
Atenas 2004, o espirito olímpico uniu os dois
 países numa só delegação, com a bandeira unindo
o mapa das duas Coreias.
A partir dos jogos de Pequim 2008, os países voltaram
a entrar separadamente.
Já a Coreia do Norte é uma incógnita sem fim, um país que, por conta de sua forte ditadura comunista, se isolou do mundo. Todas as imagens sobre o país são de sua TV estatal, que exibe com frequência imagens de extrema histeria na passagem dos lideres comunistas, que fazem discursos enfáticos, de quem deseja demonstrar ter todo o poder em mãos. O que se sabe é que se trata de um país “pobre”, tanto que diversos países lhe enviavam ajuda humanitária. 

O pobre entre aspas, porque apesar das mazelas, o país tem dinheiro para investir em energia nuclear e fazer testes ameaçando os vizinhos. Por esse motivo, a ONU anunciou na última quinta-feira, 7 de março, o corte dessa ajuda humanitária. 

A CRISE ATUAL

Partiu dos norte-coreanos a atitude de hoje, 11 de março, declarar o fim do armistício que pausou a guerra em 1953, podendo acontecer ataques a qualquer momento, vindo de qualquer um dos lados, que afirmam ter condições de atingir o vizinho. Isso é a retaliação comunista ao corte de ajuda humanitária da ONU citada a cima. A China, que sempre apoiou a Coreia do Norte, mantendo relações econômicas e servindo como passagem para a chegada de produtos do ocidente, agora pede calma, como afirmou seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Yang Jiechi, que falou da necessidade de se “resolver as preocupações de todas as partes envolvidas de uma forma equilibrada através do diálogo”.

A crise atual foi suficiente para gerar o fim do cessar-fogo na teoria, mas por enquanto nenhum dos dois lados fazer deve nada realmente efetivo na prática. Podem acontecer alguns testes da Coreia do Norte como provocação, uns discursos acalorados do lado sul coreano, mas guerra mesmo é improvável. Todavia, a importância do fim do armistício iniciado nessa segunda, 11 de março, está na  abertura de precedente. Isto é um passo importante dado para a volta da guerra, por ser uma etapa a menos, talvez última antes da guerra de fato, que pode vir a ser desencadeada em futuros desentendimentos.

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