quinta-feira, 4 de abril de 2013

SEJA SOLIDÁRIO E NÃO UM PARASITA


Era uma vez (confesso que amo esse trecho, acho tão inspirador, mas segue a história). Era uma vez, uma onça pintada que vivia em uma floresta. Um dia, um caçador a encontrou e percebeu que ela não tinha as patas da frente, ele pensou que talvez a onça as tivesse perdido, ao escapar de alguma armadilha ou do ataque de um predador.

Intrigado com o que tinha visto, o caçador ficou tentando imaginar como aquela onça conseguia sobreviver em condições tão desfavoráveis, já que não podia fugir dos predadores e muito menos buscar o seu alimento. O poder de caça das onças está nas patas, que lhe proporcionam uma força extraordinária. Curioso, ele decidiu ficar observando o animal.

A onça vivia sempre muito bem escondida perto de um rio e, vez ou outra, surgia um daqueles jacarés assustadores que despedaçava suas presas até a morte, jogando para tudo que é lado os restos da caça. Na espreita, quando o jacaré se afastava, voltando para dentro do rio, a onça saia do seu esconderijo para se alimentar do que o jacaré tinha espalhado. Por diversas vezes, de forma generosa e involuntária, o jacaré ofereceu parte da sua refeição para a onça.

Voltando para casa, o caçador parou e pensou: “Se essa onça está sendo alimentada sem fazer por merecer, por alguma força superior incontestável, por que é que eu tenho que batalhar tanto pelo meu alimento, se já trabalhei tanto nessa vida? Por que não posso ficar em casa descansando, também esperando para ser alimentado, tenho muito mais mérito que essa onça.” A partir daquele dia, o caçador decidiu que não iria mais trabalhar, decidiu que ficaria em casa esperando que as suas fontes de alimentação fossem trazidas por seus filhos.

Os dias foram se passando e nada de ninguém trazer a comida. O homem insistiu na sua ignorância, até que já estivesse só pele e osso. Perdeu sua casa, seu dinheiro e tudo mais... Perto de perder a consciência pela falta de alimento, ele ouviu uma voz - aquelas com um tom de grave acentuado – que lhe dizia: “Pobre homem. Por que insiste em não enxergar a verdade? Você não percebe que deveria ter seguido o exemplo de generosidade do jacaré, em vez de se identificar com a onça dependente? Como pode ser tão tolo?”

Arrumando o meu baú encontrei um antigo livro de histórias sufi, que enquanto criança, minha mãe me contava antes de dormir. Essa que acabei de contar era uma das que eu mais gostava de ouvir. Esse tipo de história demonstra a importância de compartilhar o conhecimento, é uma maneira de buscar o comprometimento de todos os envolvidos para a necessidade e a importância de cada ação vivida. Prevalece o fundamento de que Deus é diferente de tudo do que as convenções pregam e do que é tradicionalmente aceito.

Lamentavelmente, quando ouve falar sobre qualquer gesto de solidariedade, o ser humano, de forma habitual, se assemelha com a pessoa que recebeu o gesto e passa a viver como um parasita no hospedeiro, quando na verdade deveriam compreender que abrir o coração para cuidar do próximo é o melhor atalho na busca em se tornar uma pessoa melhor. Esse é o conceito fundamental dessa história sufi, mostrar que quem vive aguardando pela voluntariedade divina, sem em nada cooperar, perde a qualidade de vida.

Lembre-se que sentar e esperar não leva ninguém a lugar algum. Ser solidário é bem melhor, esse é um compromisso pelo qual as pessoas deveriam se obrigar umas pelas outras, já que a solidariedade é o melhor remédio contra a solidão. O sucesso da vida vem da intensidade em se pré-dispor a ajudar as pessoas, e não em se tornar parte dos problemas delas. Pense nisso. 


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