quinta-feira, 2 de maio de 2013

DESCULPAS NEM SEMPRE COLAM


Meus amigos e eu sempre fazemos um concurso para saber quem conta a piada mais ridícula entre todos, na última edição ouvi uma, entre tantas, que me faz gargalhar a cada vez que lembro. Melhor é que a piada virou base para um texto.  

A história era assim: Um casal havia acabado de se mudar para uma casa que ficava ao lado da linha do trem. Todas as noites, quando já estavam dormindo, o trem passava e a trepidação fazia a porta do guarda-roupa se abrir. O barulho fazia o casal acordar assustado e aquilo já estava prejudicando suas noites de sono. Sempre fugindo dos problemas de casa, o marido disse que aquele era um problema para a mulher resolver, já que fora ela quem escolheu a nova casa. A mulher então foi atrás de um marceneiro e pediu para que ele consertasse a porta do guarda-roupa. O homem fez o trabalho, só que à noite, quando o trem passou, a porta abriu mais uma vez.

No dia seguinte, a mulher chamou o marceneiro e reclamou. Pediu para que ele ficasse lá até ter certeza de que havia resolvido a questão. O marceneiro fez o reparo de novo, mas para garantir que o problema não se repetiria, decidiu ficar lá até o trem passar. Quando o marido chegou à noite em casa e foi até o quarto para se trocar, abriu a porta do guarda-roupa e deu de cara com o marceneiro lá dentro. Irritado, já pensando na mulher, gritou com ele: “O que significa isso? Você pode me explicar o que está fazendo aí dentro?” O pobre marceneiro respondeu: “O senhor não vai acreditar, mas estou esperando o trem passar.”

Dar desculpas é a maneira mais comum de justificar comportamentos impróprios ou até a falta de uma atitude, assim, ao mesmo tempo as pessoas indicam que são comprometidas, mas que não puderam agir de uma forma diferente naquela situação. A sensibilidade e a relação que cada um mantém com as desculpas impostas são totalmente próprias e divergem de acordo com o momento vivido e o estado de espírito. Mudam o uso e a aceitação dessas justificativas em função principalmente dos contextos familiar, social e cultural.

Paralelamente somos algozes e vítimas das emboscadas dessas justificativas, tanto quando a recorremos ou quando nos sentimos ludibriados por alguém que as utiliza conosco. Corremos o perigo eminente de as pessoas que fazem parte da nossa rotina ficarem fatigadas, exaustas de ouvir, compulsivamente, desculpas que justifiquem nossos erros, especialmente se notarem que, voluntariamente, traímos sua confiança e o sentimento de uma relação verdadeira e saudável.

A história do casal e do marceneiro pode até ser uma piada, mas é útil para mostrar que desculpas podem ser inconvenientes em qualquer situação. Depois de um tempo, as pessoas reconhecem em nosso olhar se as justificativas dadas são realmente verdadeiras ou descabidas. O hábito de inventar desculpas ao longo da vida faz com que a gente perca o domínio próprio e o sentido real do nosso destino. Ao procurarmos sempre inocentar nossos erros, desperdiçamos a chance de evoluirmos como razão e principalmente como coração.

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