quinta-feira, 16 de maio de 2013

PT - 10 ANOS DE ESPERANÇAS E DESILUSÕES


2013 é um ano especial e de comemorações para os membros, partidaristas e principalmente para a cúpula idealizadora do Partido dos Trabalhadores (PT). A segunda maior legenda política e partidária da nossa democracia, fundada no início dos anos 1980 por uma organização sindical espontânea de operários paulistas, intelectuais de esquerda e católicos ligados à Teologia da Libertação, completa 10 anos de administração a frente do Governo Federal. A reflexão das consequências dessa gestão, pontos positivos e negativos, será antes de tudo, uma avaliação legítima e ética, porém jamais simplificada.

Vivíamos economicamente desagregados das políticas públicas, com referência a inclusão social e econômica. Com a distribuição de renda menos desequilibrada, o partido da estrela vermelha teve um papel decisivo no plano econômico, aperfeiçoando programas sociais como o Bolsa Família, que beneficia, direta e indiretamente, 14 milhões de famílias inteiras, fazendo com que a maioria das pessoas das classes D e E emergissem para a classe C, projetando a construção de uma sociedade de classe média nas prioridades do país. Dilma já afirmou várias vezes que deseja fazer do Brasil um país de classe média, como a França, essa é uma ideia no mínimo racional.

O partido, terminantemente, instituiu o combate à pobreza extrema e mostrou também que a esquerda pode ter competência para governar um país com dimensões continentais, o que na prática torna viável a alternância política no país. Em geral, financiou a orientação para uma reforma política baseada na conquista de benefícios às classes sócias menos privilegiadas. Além de ter liderado parte da mudança política que indicou a todo continente sul-americano para a ideologia esquerdista, construindo uma autonomia maior frente ao imperialismo dos Estados Unidos.

Foi feito um alto investimento na educação e é preciso destacar a duplicação das vagas nos Institutos Federais de ensino superior. Houve quase que a triplicação das escolas técnicas federais e a criação de um Fundo de Desenvolvimento do Ensino Básico, o que aumentou potencialmente a qualidade da educação básica nos Estados e Municípios mais pobres do Brasil. A prova de que evoluímos, é que o país oscila entre a 5ª e a 7ª economia do Mundo, encabeçando a relação de nações que tem poder de voto e de veto quanto ao futuro social e econômico do resto do mundo.

Só que nem tudo são flores, nesses 10 anos os petistas se adaptaram ao poder, mais que o permitido. Lembro bem de quando eu ainda era 8ª série, falava com meu professor de geografia, meses depois da primeira posse do ex-presidente Lula, que ele e o partido deveriam ter discutido abertamente o que manteria da ideologia primária e onde faria licenças obrigatórias, sabido que em nosso sistema político, o partido governista não tem e nem poderia ter a maioria no Congresso. Faltou essa transparência e por isso tantos problemas éticos.

Com tantos escândalos políticos, como maior exemplo o Mensalão, onde 25 petistas e agregados partidários foram condenados por formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa, evasão de divisas e gestão fraudulenta, o PT contribuiu para que a população se desencantasse com os políticos e para a falta de discussão pública sobre a política em nosso país, o sentimento político do brasileiro se resume basicamente em ataques a quem se opõe a sua forma de pensar.

Hoje em dia, grande parte dos brasileiros fazem, em média, quatro refeições diárias. Só que esse mesmo Governo Federal destina apenas entre 30 e 40 centavos para a merenda escolar diária de cada estudante matriculado no ensino fundamental ou médio em escolas públicas. Sem contar que grande parte da população beneficiada pelos programas sociais foi mal instruída, se tornando dependente perdurável dessa ajuda de custo.

E o que dizer do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)? O problema da infraestrutura continua sendo intocado, as condições de nossas rodovias, portos e aeroportos nos derrubam para as piores colocações dos rankings mundiais de competitividade. Um país totalmente arrematado pela insegurança pública e pelo crack; a Petrobrás teve uma perda irreparável no seu valor de mercado; o desmonte das estatais e a complacência à intolerância, aos desvios éticos e ao autoritarismo.

O fato é que em uma década, o antigo partido da classe operária despertou em nós um misto de sentimentos muito bem definidos. É a esperança e a desilusão comemorando Bodas de Estanho.

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