terça-feira, 27 de agosto de 2013

SÍRIA: ESTÃO ESPERANDO O QUÊ?

Não posso começar a falar da postura dos Estados Unidos com relação à crise que afeta Síria sem ceder algumas linhas desse texto a uma breve volta a 2003. Mais especificamente a noite de 17 de março, dia em que George W. Bush deu um ultimato de 48 horas para que Saddam Hussein deixasse o Iraque, sob a pena de uma pesada intervenção militar para capturá-lo.

A acusação estadunidense contra Saddam naquela ocasião era sobre a existência de supostas armas químicas no Iraque, algo que segundo o então presidente americano, colocava o mundo em risco. Ninguém queria a Guerra (relembre no vídeo no final dessa publicação). Eu só tinha dez anos na época, mas lembro-me nitidamente de como tudo e todos eram contrários.
Momento em que a estátua de Saddam
Hussein foi derrubada.
Foto: Jerome Delay/AP

Bush não ouviu nenhuma opinião inversa à dele, inclusive o Conselho de Segurança da ONU. Invadiu e gerou uma guerra que até hoje matou 174 mil pessoas (122 mil civis) , segundo o Iraq Body Count (IBC), um grupo de voluntários dos Estados Unidos e Reino Unido que contabiliza as mortes da intervenção militar. As tais armas químicas não mataram ninguém, pois nunca foram encontradas. Saddam Hussein foi morto e o petróleo iraquiano foi desnacionalizado.

Então avançamos na história e chegamos à Síria: a crise que se instalou em março de 2011, com o levante contra o ditador Bashar al-Assad - há treze anos no poder -, já matou até agora 100 mil pessoas, segundo a ONU.

Já são 1,7 milhão de pessoas que fugiram para os países vizinhos, muitas vezes largando suas famílias para trás. Segundo o próprio site da ONU, “a estimativa é que 6,8 milhões de pessoas necessitem de assistência humanitária urgente – incluindo 3,1 milhões de crianças”. Segundo a Comissão Econômica e Social para a Ásia Ocidental, 1,2 milhão de famílias tiveram suas casas atingidas.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, “57% dos hospitais públicos foram danificados ou destruídos e 37% estão fechados”, afirma o site da ONU.


 
O ápice de todo esse desatino foi a madrugada da quarta-feira (21), quando o governo sírio lançou armas químicas contra uma região tomada pelos opositores (que também não são santos). Os números não são exatos, mas estimam que mil pessoas tenham morrido instantaneamente.

Há cerca de um ano o próprio presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou que caso a ditadura síria utilizasse armas químicas, existiria uma reação militar. Nesta segunda-feira (26), o secretário de estado americano, John Kerry, afirmou que o ataque foi “real e convincente”.

A reação militar é iminente. O presidente da França, François Hollande, afirmou que seu país está pronto. O primeiro ministro britânico, David Cameron, convocou o parlamento que estava em férias para uma reunião de emergência nessa quinta-feira (29). Nos Estados Unidos, as Forças Armadas já se colocam como prontas, a espera apenas do aval de Obama. A imprensa americana já prepara a população, que até então é contraria, para a intervenção militar. Israel, grande parceiro dos americanos, já se prepara para uma retaliação da ditadura síria.


Os próximos dias são decisivos para sabermos como tudo irá acontecer. Especula-se que seja apenas uma reação breve, para desestabilizar o governo sírio e fortalecer os rebeldes opositores. A questão é que já tem grupos terroristas como a Al Qaeda se aproximando dos opositores nos bastidores.


O ocidente deixou crescer um tumor que agora para ser resolvido exigirá ações precisas e urgentes. Mas, assim como não faltou disposição para contrariar o mundo e invadir o Iraque em busca de petróleo sob o pretexto de um possível uso de armas químicas, não podem fugir agora que armas químicas estão sendo utilizadas contra o povo sírio. A intervenção é para ontem, não dá mais para esperar.

Vídeo – Relembre como foi a invasão americana ao Iraque

Um comentário:

Alex Veiga disse...

Impressionantes números de mortos por algo que nem se quer existiu.